João de Deus: Apesar das denúncias, fiéis acreditam na inocência do médium
Frequentadores enfatizam que nunca presenciaram atendimentos individuais. Um fiél acredita que o médium está sendo vítima de 'campanha difamatória". Houve tumulto na chegada de João de Deus na Casa
Apesar do número de denúncias de abuso sexual contra o médium João de Deus, 76, passar de 400, muitos fiéis presentes na Casa Dom Inácio de Loyola disseram acreditar na inocência do médium. O líder espiritual foi à Casa, localizada em Abadiânia, a 82 quilômetros de Goiânia, na manhã desta quarta-feira (12), mas foi embora minutos depois.
Segundo a assessoria, João de Deus teve um problema de hipertensão, mas não revelou para onde foi levado. Esta foi a primeira vez que o médium aparece em público após a exposição das denúncias realizadas pelo programa Conversa com Bial, na Rede Globo.
Empresário e voluntário há 29 anos na unidade, Norberto Kits, destaca que João de Deus está sendo vítima do que ele caracterizou de “campanha difamatória” e se disse perplexo com a forma como as denúncias foram retratadas. O homem também descreveu as vítimas como “pessoas perturbadas”.
“Existe uma coisa que é importante, que é o equilíbrio. Quem tem equilíbrio tem paz, porque a paz dá felicidade. Agora as pessoas perturbadas não têm paz e não conseguem ser felizes. Estamos aqui para amadurecer naquilo que acreditamos. Somos pessoas, todos nós temos limitações e defeitos”, destaca.
A turista Andreia Santana foi de Santos, na baixada paulista, para agradecer a cura do filho. Sobre as denúncias, a mulher conta que, se os abusos realmente aconteceram, foi devido ao médium estar sob o domínio de alguma entidade. “Algumas pessoas disseram que, em alguns casos a gente não sabe dizer se ele estava incorporado ou não. Ele estava sim! Porque o que ele disse, em relação à saúde do meu filho, os médicos do plano físico confirmaram”, diz. “Mesmo que isso tudo tivesse acontecido em algum momento, que eu não acredito, não entendo porque as pessoas voltam e relatam que não denunciaram por ele fazer um trabalho bonito”, aponta.
Sebastião Rocha, que mora em Goiânia, passou a frequentar a Casa há um mês e disse que recebeu a informação sobre as denúncias com descrença. Ele destaca que também acha estranho a demora nas denúncias e que nunca presenciou atendimento individual do médium. “Não tem como haver contato físico com o médium, pois o atendimento é coletivo. E aqui a gente passa por várias etapas, não tem atendimento direto com João de Deus pois há outros médiuns que atuam aqui”, explica.
Tumulto
João de Deus chegou à Casa acompanhado, por volta das 9h30 da manhã, em um carro branco. A aparição do médium no espaço gerou tumulto entre fiéis e imprensa. Durante o trajeto do veículo até o salão onde ocorre os atendimentos, houve muito empurra-empurra no qual cinegrafistas e alguns repórteres foram agredidos. Fiéis aplaudiram.
João de Deus ficou poucos minutos no salão. Em vídeo publicado pelo G1 Goiás, o médium declarou sobre o altar que “está na mão da lei brasileira” e que “o João de Deus ainda está vivo”. Ao sair, houve novo tumulto e antes de entrar no veículo, o médium declarou inocência. Mais uma vez, João de Deus foi aplaudido pelos fiéis.
A assessora do médium, Edna Gomes, explicou que João de Deus sofreu uma crise hipertensiva e teve que deixar a unidade. A mesma destacou que não havia previsão de retorno do médium nesta quarta-feira (12) para a realização de atendimentos, mas que não havia alteração de atendimentos para quinta e sexta-feira.
Edna contou que o médium acompanhou todas as denúncias e que a ida dele à Casa era para a realização dos atendimentos. “Ele está à disposição da Justiça. Ele não vai correr. Ele é um guerreiro. As denúncias são seríssimas, merecem serem apuradas e não levadas como forma de entretenimento”, conta.
A assessora também pontuou que nunca presenciou nenhum tipo de atendimentos iguais aos relatados pelas vítimas e se desculpou pela atitude de alguns fiéis durante o tumulto. “Eu venho uma vez por semana. Eu moro em Goiânia e venho aqui para atender jornalistas. Eu nunca presenciei nada, nem uma falta de respeito comigo. Pelo contrário, sempre foi muito elegante e nunca presenciei nada que denegrisse a sua postura”, destaca.
Apesar disso, Edna contou que João de Deus e o advogado dele, Alberto Toron, devem conceder uma coletiva para falar sobre as denúncias, mas não soube dizer quando acontecerá esse pronunciamento.
Veja vídeo no qual João de Deus é recebido com aplauso dos fiéis:
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João de Deus chega na Casa Dom Inácio de Loyola. Ele foi recebido com aplausos. Confira os vídeos.
*João Paulo Alexandre é integrante do programa de estágio do convênio entre Ciee e Mais Goiás, sob orientação de Thaís Lobo.