Novas declarações

João de Deus participa de nova audiência no Fórum de Abadiânia

De acordo com o TJ-GO, a audiência é referente ao processo de posse ilegal de arma de fogo e um outro, que não teve o teor divulgado em razão de estar segredo de justiça

O médium João Teixeira de Faria, de 77 anos, mais conhecido como João de Deus, participará de uma nova audiência no Fórum de Abadiânia, a 90 quilômetros de Goiânia, nesta sexta-feira (12). De acordo com o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO), a sessão tem previsão de início para às 14 horas e é referente ao processo de posse ilegal de arma de fogo e a um outro, que não teve o teor divulgado por tramitar em segredo de justiça.

Essa é a segunda vez que o médium retorna à cidade para depor em juízo. No último dia 2, o médium foi ouvido devido a dois processos referente aos abusos sexuais. Na ocasião, João de Deus negou os crimes e alegou que se lembrava apenas de uma das mulheres denunciantes. O depoimento durou cerca de duas horas.

Os processos estão sendo conduzidos em Abadiânia, porque é onde está instalada a Casa Dom Inácio de Loyola, que foi palco dos casos e denúncias de abusos sexuais durante os atendimentos. João de Deus está preso desde dezembro de 2018. Apesar disso, ele sempre negou as acusações.

O Mais Goiás entrou em contato com a defesa do médium, mas não recebeu posicionamento até o fechamento dessa matéria.

Relembre o caso

João de Deus foi preso no dia 16 de dezembro de 2018 acusado de praticar abusos sexuais durante atendimentos espirituais. Na manhã do último dia 5 de junho, o Ministério Público de Goiás (MP-GO) apresentou ao Judiciário a décima denúncia contra o médium. Desta vez, por violação sexual mediante fraude contra dez vítimas. De acordo com o documento, as práticas teriam acontecido durante atendimento coletivo na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, no local conhecido como “Sala de Entidade”, enquanto as vítimas passavam pela fila de atendimento. A defesa do médium afirma que ainda não teve acesso à denúncia.

Em maio, a força-tarefa do Ministério Público de Goiás (MP-GO) criada para investigar crimes sexuais supostamente praticados pelo médium apresentou a nona denúncia, em que ele é acusado de praticar estupro contra seis mulheres em condição de vulnerabilidade. Os crimes teriam ocorrido em sala privativa de atendimento individual, em Abadiânia, no Entorno do Distrito Federal. Além dos crimes sexuais, ele é investigado por posse ilegal de armas de fogo e munição, falsidade ideológica, corrupção de testemunha e coação.

Após passar mal dentro da unidade prisional, o médium passou 74 dias internados no Instituto de Neurologia, em Goiânia, em decorrência de decisão do STJ de que o médium fosse tratado em uma unidade hospitalar particular sob escolta policial. Primeiramente, em março deste ano, João de Deus ficou internado para tratar de um aneurisma da aorta abdominal que, segundo o cardiologista Alberto Las Casas Júnior, poderia lhe causar “morte súbita”. À época, ele também foi diagnosticado com pressão alta e indícios de trombose.

Em abril, o STJ prorrogou por mais dez dias a intenção do líder religioso. Desta vez, para se tratar de uma pneumonia. Em maio, a corte estendeu por mais 30 dias a internação, que teve fim na último dia 3 de junho. No dia seguinte, o STJ negou dois habeas corpus a ele e, com isso, João de Deus deveria retornar à prisão. A defesa do médium alegou, por meio de nota, que recorrerá da decisão junto ao Supremo Tribunal Federal (STF).

“Não é concebível que em pleno século XXI o sistema penal persista na prática de prender preventivamente desprezando a utilização de medidas alternativas como a prisão domiciliar e o uso da tornozeleira eletrônica, que neutralizariam qualquer perigo que o senhor João de Deus pudesse representar. Afora isso, tratando-se de uma pessoa idosa e portadora de doença vascular, além de um aneurisma na orta abdominal, é uma verdadeira crueldade o reencarceramento”, lê-se no texto.