Jogador de futebol é condenado a indenizar mesária por homofobia em Goiânia
Juíza argumentou que atos de homofobia precisam ser denunciados "diante de uma sociedade ainda resistente em respeitar a diversidade"
A Justiça condenou um jogador de futebol a indenizar em R$ 6 mil uma mulher após tê-la chamado de “sapatão”, quando ela desempenhava a função de mesária numa partida de futebol. Na decisão, a juíza do caso argumentou que atos de homofobia precisam ser denunciados “diante de uma sociedade ainda resistente em respeitar a diversidade”.
O caso aconteceu em Goiânia no dia 9 de junho de 2018. Conforme narrado no processo, a mulher trabalhava como mesária numa partida de futebol e fez a contagem de uma penalidade aplicada pelo árbitro a um jogador. Insatisfeito, o homem passou a ofender a mulher com termos homofóbicos. “Sapatão, sua sapatão, vai procurar uma mulher para você!”, teria dito.
Ainda de acordo com os autos, as agressões foram presenciadas por várias testemunhas. A defesa da mulher argumentou que ela sofreu “grave constrangimento indevido” por causa de sua orientação sexual e que isso “feriu sua dignidade e integridade, inclusive, degradando seu clima de trabalho”.
Ao analisar o caso, a juíza Roberta Nasser Leone, do 5º Juizado Especial Cível da comarca de Goiânia, destacou que a mulher conseguiu provar a veracidade dos fatos narrados e que não havia dúvidas, com base nos elementos apresentados, de que o jogador “procedeu de forma inadequada”, colocando a mulher “em situação extremamente constrangedora e humilhante, sem qualquer justificativa possível”.
A magistrada ressaltou também que atos de homofobia passaram a ser enquadrados na lei de racismo e que esses crimes devem ser denunciados, “diante de uma sociedade ainda resistente em respeitar a diversidade de raça, cultura, ideologia, crença, gênero e sexualidade, direitos fundamentais garantidos pela Constituição da República Federativa do Brasil”.