Um grupo de joqueanos remidos está realizando uma campanha nas redes sociais com o intuito de encontrar novos sócios e impedir a venda da sede social do Jóquei Clube de Goiás, localizado na Rua 3, no Centro de Goiânia. O intuito dos ex-membros é reunir 10% dos remidos e organizar uma assembleia, conforme autorizado pelo regimento interno do clube, e destituir a presidência atual, que pretende vender o local.
Uma das organizadoras da campanha e sócia do clube, a advogada Sandrinha Fleury, explicou que após a parceria entre o Jóquei e a Faculdade Padrão, em 2008, os administradores do local desativaram diversas áreas de convivência do local, como as piscinas e o salão de jogos. Por esse motivos, os sócios proprietários deixaram de pagar a taxa de manutenção e, consequentemente, perderam seus títulos.
Restaram então, os sócios remidos que, conforme Sandrinha, são cerca de 1700. “Muitos desses membros já são pessoas mais velhas e por isso não participam mais das decisões relativas ao clube, contudo, caso a gente consiga reunir, podemos formar uma assembléia e voltar atrás dessa decisão de vender o Jóquei”, argumenta a advogada.
A atual presidência do clube, segundo Sandrinha, realizou uma assembleia que decidiu pela venda da sede social, tendo somente onze votos a favor e sem consultar os sócios remidos. Para a advogada, o primeiro passo, caso o grupo consiga a adesão necessária, é organizar uma nova deliberação acerca das negociações e eleger novos administradores para o Jóquei Clube.
Sandrinha explica que não faltam muitos membros para atingir os 10% e que está confiante sobre a possibilidade de uma nova assembleia. “O Jóquei é um patrimônio da cidade e nós precisamos saber quais são as dívidas e as receitas do clube para quem sabe reativá-lo. A atual presidência me negou esses dados, que foram solicitados pessoalmente durante uma assembleia na qual eu estive presente”, conta.
O Mais Goiás tentou entrar em contato com o presidente do Jóquei Clube de Goiás, Manoel de Oliveira Mota, mas não obteve resposta.
Suspensão
Em dezembro de 2017, a justiça acatou pedido da Procuradoria Geral do Município de Goiânia (PGM) e suspendeu a venda do Jóquei Clube de Goiás. Supostas negociações estavam sendo feitas entre a entidade e a Igreja Universal do Reino de Deus, em que o clube transferiria a propriedade do seu imóvel, localizado no centro de Goiânia, à entidade religiosa.
A PGM obteve ordem judicial que impede a aquisição do imóvel que abriga a sede do Jóquei Clube de Goiás, no Centro de Goiânia, pela Igreja Universal ou por qualquer outra pessoa física ou jurídica. A suspensão da venda é válida enquanto o clube tiver dívidas com o Município, contudo, Sandrinha Fleury explicou que as negociações com a entidade religiosa ainda estão acontecendo.
Na decisão que tornou o imóvel indisponível para o mercado imobiliário, a justiça entendeu que a transferência da propriedade poderia caracterizar fraude à execução fiscal. Desse modo, o magistrado determinou que o Jóquei Clube comprove que tem patrimônio suficiente para pagar a dívida que possui com o município.
Essa não é a única situação pela qual o Jóquei Clube foi parar na Justiça. Em abril de 2014, o juiz Jair Xavier Ferro, da 10ª Vara Cível, determinou que a anulação do acordo firmado, em julho de 2008, entre a Sociedade de Educação e Cultura de Goiás S/A – a Faculdade Padrão – e o clube.
O magistrado entendeu que a quantidade de 2.200 títulos negociada entre os envolvidos excedeu o limite de cem títulos de sócio-proprietário que podem ser vendidos para cada pessoa, conforme o estatuto do clube. De acordo com o Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) a negociação rendeu ao Jóquei um valor de R$ 9.817.340.