Jovem impedido de cantar em igreja por causa do cabelo procura a polícia
O músico Pedro Henrique Santos, de 22 anos, procurou a Polícia Civil para prestar queixa…
O músico Pedro Henrique Santos, de 22 anos, procurou a Polícia Civil para prestar queixa contra membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia do Solar Ville, a quem acusa de impedi-lo de cantar no último sábado (5) por causa do seu cabelo. O relato foi registrado no 8º Distrito Policial (DP) na última segunda (7). Pedro afirma ter sido vítima de injúria racial.
De acordo com o músico, que havia sido convidado para cantar, o veto teria partido do ancião (autoridade religiosa da Igreja Adventista do Sétimo Dia) por causa de seu cabelo que é cacheado e volumoso. A situação gerou constrangimento nos presentes e após tentativa falha da pastor de intermediar, os outros membros do quarteto desistiram da apresentação.
Ao Mais Goiás, a advogada e presidente da Comissão de Promoção da Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Goiás (OAB-GO), Maura Campos, declarou que a iniciativa do ancião iria contra o que prega o cristianismo e a Constituição Federal.
“Foi muito errado o comportamento dele […]. Quando ele tem uma atitude dessa, ele está indo contra as leis de Deus e contra as leis dos homens. A Constituição também diz, no artigo quinto, que todos somos iguais perante a lei e que o racismo é crime” afirmou.
A advogada também explica que a discriminação por raça não se dá somente pela cor da pele, mas por todas as características típicas dos negros, como o cabelo crespo. “O outro [integrante negro do quarteto] que estava com o cabelo curtinho tem uma maior probabilidade de ser aceito no meio social”, exemplificou Maura.
Em nota enviada ao Mais Goiás na última segunda-feira, a Igreja Adventista do Sétimo Dia declarou que “não compactua com nenhuma forma de discriminação e que está apurando um possível desentendimento entre seus membros no último sábado (5), envolvendo uma pessoa que se sentiu vítima de algum tipo de discriminação”.
A igreja ressaltou também que, em 2020, foi votada uma declaração sobre racismo “que norteia as ações das igrejas locais nesse sentido”.