Jovem transgênero é autorizado a mudar nome em RG em Goiás
Juiz deu parecer favorável no último dia 30 de abril. Mãe espera que até o final deste mês o filho tenha em mãos o novo documento
Um jovem transgênero de 16 anos terá documentos alterados para o nome social em breve, em Goiás. No último dia 30 de abril a Justiça autorizou o adolescente a incluir um nome masculino, escolhido por ele, no Registro Geral (RG). A mudança era um sonho do adolescente antes mesmo de comunicar à família sobre sua identidade de gênero, em 2017, com 15 anos. Agora, a expectativa é de que o adolescente (17) tenha o novo documento em mãos até o fim de maio.
A mãe dele, cuja identidade será preservada, revela que a primeira abordagem do filho quanto ao assunto ocorreu por mensagem via aplicativo de celular. “Ele disse que queria conversar. Eu sempre disse aos meus filhos que, caso tivessem receio de me dizer algo, que eles me escrevessem”.
O menino disse à mãe então que era transgênero, ou seja, que não se identificava com o gênero correspondente ao sexo biológico, ou seja. não se sentia bem sendo uma garota. “No primeiro momento foi um choque”, conta a mulher. “Mas ele me mostrou reportagens, foi me explicando, e eu o apoiei”, completa.
Logo de início, sublinha a mulher, o jovem afirmou que gostaria de mudar de nome e lhe pediu ajuda. “Mas eu falei para ele esperar um pouco porque eu gostaria que ele fizesse um acompanhamento com uma psicóloga, pra ver se realmente era aquilo que ele queria”, relembra.
O filho, entretanto, estava certo do que queria, então, ambos deram entrada no processo de mudança com apoio do Núcleo Especializado de Direitos Humanos (NUDH), da Defensoria Pública do Estado (DPE). A mãe não se lembra ao certo, mas em cerca de quatro meses, o jovem teve o parecer favorável para a alteração. “Eu nem esperava que fosse tão rápido”, comenta.
Aceitação
A transição do adolescente foi durante as férias. Em janeiro de 2018 ela já chegou com sua nova identidade: roupas masculinas e cabelos curtos. Segundo a mãe ele escolheu continuar no mesmo colégio (militar) e mesma sala. “A aceitação foi tranquila. Todos os dias eu perguntava a ele como foi e ele sempre afirmava que tinha sido ‘ok’ na aula”, conta.
Um único episódio fez o jovem chorar. “Quando uma professora o chamou pelo outro nome”, afirma a mãe. “Mas nem foi por maldade e sim por confundir mesmo”, completa.