Jovens tentam provar que também foram vítimas do assassino da ciclista Cibelle
Dois homens afirmam também terem sido assaltados na GO-060 em junho deste ano. Como resultado do crime, um deles ficou paraplégico. No entanto, o desaparecimento de uma bala guardada na delegacia impede que comprovem a autoria do ataque
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O assassinato da economiária Cibelle de Paula Silveira, de 31 anos, ocorrido na noite do dia 30 de novembro, foi uma tragédia que comoveu o país. A jovem fazia uma trilha de bicicleta na GO-060 quando foi assaltada e morta com com tiro na cabeça.
No dia 2 deste mês, foram presos três suspeitos de envolvimento no crime, um deles menor de idade. Pedro Henrique Domingos de Jesus Félix, de 18 anos, confessou ser o autor dos disparos que vitimaram Cibelle. À polícia, ele disse que não tinha a intenção de matar, mas apenas de assustá-la.
No entanto, Cibelle não foi a primeira vítima de Pedro Henrique. A vida de outros dois jovens, Augusto e Henrique (nomes fictícios), mudou drasticamente após se depararem o rapaz.
De acordo com Augusto, o encontro fatídico ocorreu no dia 14 de junho deste ano. Na ocasião, ele e o amigo caminhavam na passarela da BR-060 quando foram surpreendidos pelo jovem, que chamava atenção pelos cabelos tingidos de loiro. “Ele pediu carteira, celular, relógio, tudo que a gente tinha. Depois colocou a gente deitado no chão, com a mão na cabeça, e disse que não era para olhar para ele”, relata Augusto.
Entregar todos os bens materiais, porém, não teria sido o suficiente para Pedro Henrique. Quando os dois jovens ensaiaram levantar e sair correndo da passarela, o suspeito, que já estava a certa distância, retornou atirando contra eles. “Dois tiros acertaram de raspão o meu amigo, e outro acertou o pulmão e perfurou a medula dele”, conta Augusto. Com o resultado, o jovem perdeu os movimentos das pernas aos 23 anos de idade. A bala retirada de seu corpo foi entregue a policiais no 15º Distrito Policial, no Bairro Goiá, para que pudesse servir às investigações.
Porém, o trabalho policial não trouxe muitos resultados. Além da descrição das vítimas, não havia outras pistas e o caso permaneceu sem solução. Isso até vir a público o caso de Cibelle. “Quando vimos sobre o caso na TV já suspeitamos que fosse a mesma pessoa, até por conta da localização. Depois, quando ele foi preso, tivemos certeza”, afirma Augusto.
Segundo ele, a altura aproximada de 1,70, o cabelo tingido e a própria voz do suspeito não deixam dúvidas de que foi ele o autor do ataque naquele dia de junho. Além disso, há outros detalhes que corroboram sua conclusão. “A arma que foi apreendida com ele é a mesma que ele usou contra a gente. Tinha o cano comprido, prateada, meio envelhecida”, conta. Como se não bastasse, Augusto se recorda que, após o assalto que sofreu, sua carteira foi encontrada a poucas ruas de distância de onde Pedro Henrique mora.
Apesar de ter certeza que quem atacou a ele e seu amigo naquele dia foi o mesmo que matou Cibelle, só isso não basta para que o suspeito responda pelos atos que teria cometido. Para isso, seria necessário um exame de balística, usando o artefato deixado no 15º DP após a cirurgia. E é aí que reside mais um drama na vida dos jovens.
“Nós fomos no 15º DP na semana passada e eles disseram que não encontraram a bala que deixamos lá”, diz Augusto. “Nós havíamos conversado com a delegada Carla Fernandes, da Delegacia de Homicídios, que está investigando o assassinato de Cibelle, e ela disse que precisava do laudo para dar o início no processo. Sem isso, ele seria interrogado, diria que não foi ele e ficaria por isso mesmo”, ressalta.
De acordo com Augusto, os policiais do 15º DP especularam que a bala pode ter sido perdida durante a troca de titularidade da delegacia. Há alguns meses, Juliana Moriwaki respondia pela delegacia. Hoje, o titular é Bruno Henrique Soares Mateus.
O delegado está de férias, mas conversou com o MAIS GOIÁS por telefone. Ele afirmou que não tinha conhecimento sobre o caso, que precede o tempo em que está no 15º DP. “Estou lá desde setembro, e esse caso é mais antigo”, afirmou.
A reportagem também tentou contato com a delegada Juliana, mas não teve sucesso. As ligações para o celular não foram atendidas e, na delegacia da Mulher (Deam), onde está lotada atualmente, ela só terá plantão na sexta-feira (11).
Enquanto a situação não se resolve, Augusto fica na expectativa de que os crimes que vitimara a ele, a seu amigo e a Cibelle não fiquem impunes. “Se ele for condenado pelo assassinato da Cibelle, vou achar ótimo. Mas eu não quero que esse caso fique para lá. Não foi a primeira vez que ele fez isso. Esperamos que a Justiça seja feita”, afirma.