Juíza dá sermão em motorista de Mercedes que matou vigilante: “agride a sociedade”
"Ele não sabe o que é respeito pela lei, não age como uma pessoa integrada à sociedade", diz a juíza Ana Cláudia Veloso Magalhães
Na audiência de custódia em que determinou a conversão do flagrante em prisão preventiva de Antônio Scelzi Netto, o motorista da Mercedes que atingiu e matou o vigilante Clenilton Lemes Correia (de 39 anos) no último domingo (9), a juíza Ana Carla Veloso Magalhães deu um sermão no investigado.
“Ele não sabe o que é respeito pela lei, não age como uma pessoa integrada à sociedade, desobedece as normas jurídicas. Agride, afronta, dissemina a nossa sociedade”, disse a juíza.
“Lamentavelmente, o Código de Trânsito tipifica essas condutas como homicídio culposo. Na verdade, isso aqui é um homicídio doloso, consumado. Porque todas as pessoas sobre a face da Terra que ingerem bebida alcoólica e pegam um veículo para dirigir tem dolo. Ela tem vontade. Ela tem desejo. Pode ser eventual, mas tem dolo. E não culpa”, diz a juíza.
Ana Cláudia afirmou que é preciso haver essa correção no ordenamento jurídico, sob pena de famílias de vítimas não terem nunca mais terem paz. “Porque como fica a família de uma vítima de 39 anos de idade sabendo que um outro ingeriu bebida alcóolica, pegou o carro, atropelou o outro, foi embora, largou o corpo de vítima no local, foi esconder o carro na sua casa, com a placa do veículo da vítima grudado no seu veículo e ainda fugiu? Fico pensando como é que ficam as famílias das vítimas nesse país, com essa sensação de total impunidade?”
Liberdade
Horas depois da audiência de custódia, o desembargador Ivo Fávaro acatou o habeas corpus e concedeu a Antônio Scelzi a premissa de responder ao processo em liberdade condicional. Ele não poderá deixar a cidade e tampouco dirigir.
Segundo a defesa de Antônio, a conversão da prisão em preventiva violava o Código Penal Brasileiro e que o cliente, Antônio Netto, estão colaborando com a Polícia e com a Justiça.
A defesa ainda afirma que está em contato com a empresa onde a vítima morta no acidente, o vigilante Clenilton Lemes Correia, trabalhava para prestar o auxílio necessário.