JUSTIÇA

Júri absolve PMs acusados de matar homem que sumiu após ser colocado em viatura

Os PMs Guidion Ananias Galdino Bonfim, Kilber Pedro Morais Martins, Cleber Leandro Cardoso e Mayk da Silva Moura Sousa chegaram a ser presos pelo crime

Os quatro policiais militares flagrados ao colocar Henrique Alves Nogueira, de 28 anos, dentro de uma viatura e que foi encontrado morto cerca de 12 horas após a abordagem, no dia 11 de agosto, foram absolvidos após o júri popular em Goiânia. Os PMs acusados foram Guidion Ananias Galdino Bonfim, Kilber Pedro Morais Martins, Cleber Leandro Cardoso e Mayk da Silva Moura Sousa. Eles chegaram a ser presos pelo crime.

Durante a sessão, o Ministério Público tinha pedido pela condenação dos réus por homicídio qualificado pelo uso de recurso que dificultou a defesa da vítima. Já a defesa requereu a absolvição e alegou legítima defesa e negativa de autoria em relação ao réu Maik.

O juiz Eduardo Pio Macarenhas da Silva presidiu a sessão, no último dia 24 de setembro. A absolvição ocorreu, pois os jurados mão reconheceram que o réu Mayk da Silva Moura efetuou o disparo de arma de fogo contra a vítima, ficando, assim, “prejudicado o quesito da materialidade”.

O Mais Goiás solicitou uma posição à Polícia Militar (PM) sobre os PMs. Em nota, a corporação informou que “os policiais envolvidos no processo atenderam a todas as medidas cautelares, tanto administrativas quanto judiciais, determinadas durante o curso do mesmo. Tendo em vista a absolvição de todos os envolvidos, comunicamos que não há mais restrições para o desempenho de suas funções”.

Morte após abordagem policial

Câmeras de segurança de um estabelecimento comercial do bairro Jardim Europa registraram quando Henrique andava pela rua e foi abordado pelos policiais militares. Os agentes desembarcaram da viatura com armas em punho, apontadas para o jovem que se rende. Após revista e cerca de cinco minutos de conversa, Henrique foi colocado dentro da viatura que seguiu para rumo desconhecido.

A abordagem aconteceu às 8h da manhã. Desde então, a família não conseguiu contato com ele e procurou a delegacia para registrar um boletim de ocorrência por desaparecimento. Por volta das 22h do mesmo dia, Henrique foi encontrado morto no Residencial Real Conquista, a 14 km de onde foi abordado pelos policiais.

Um laudo médico apontou que a morte foi causada por “choque hemorrágico em consequência de politraumatismo por meio de projetil de arma de fogo”. Dois disparos atravessaram o corpo do rapaz, um ficou alojado e um quarto não foi encontrado.

Confronto forjado

Os policiais foram afastados de suas funções dois dias após o homicídio. Para os investigadores, eles revelaram que Henrique morreu em um confronto enquanto tentava fugir da PM. “Eles (policiais) relatam que estavam andando ocasionalmente, se depararam com uma moto. Então, pediram para parar, mas o motociclista fugiu e o carona confrontou a equipe”, disse o delegado André Veloso, responsável pela investigação, à época.

Além do confronto, consta no Registro de Atendimento Integrado (RAI) – feito pelos militares- que uma mochila com porções de drogas foi encontrada com a vítima. No entanto, o delegado ressalta que as imagens comprovam que Henrique foi abordado e colocado dentro da viatura sozinho e não havia mochila alguma com ele.