Júri de acusado de causar acidente que matou adolescente em Goiânia é adiado pela 3ª vez
Juiz deferiu o pedido do advogado do réu, que alegou "problemas de saúde"

Previsto para esta terça-feira (18), o julgamento por júri popular do homem acusado de causar a batida fatal que tirou a vida de Raissa Mikaelle Rosa Bueno, de 15 anos, em 18 de janeiro de 2020, em Goiânia, foi adiado pela 3ª vez. A nova data é 26 de março, às 8h30.
Na segunda-feira (17), o juiz Lourival Machado da Costa deferiu o pedido de adiamento do advogado do réu. Ele justificou sua ausência por “problemas de saúde, acometido por traqueo-bronquiolite/fibrose pulmonar”. O Ministério Público de Goiás foi favorável.
Raissa morreu em um acidente na BR-153, na capital, no dia 18 de janeiro de 2020, enquanto seguia para um shopping com amigos. O carro em que ela estava, uma caminhonete Hilux SW4, foi atingido violentamente na traseira por uma Mercedes branca, dirigida por Eduardo José. Com o impacto, a adolescente foi arremessada para fora do veículo e não resistiu aos ferimentos.
Conforme a Polícia Civil, Eduardo foi considerado responsável pelo acidente e indiciado pelo crime de homicídio doloso, quando há intenção de matar. Testemunhas afirmaram que ele dirigia em alta velocidade e teria consumido bebida alcoólica antes de assumir a direção. No entanto, o Ministério Público de Goiás (MP-GO) não concordou com a classificação dolosa e denunciou o motorista por homicídio culposo, quando não há intenção de matar.
Mudança para homicídio doloso
Em entrevista exclusiva para o Mais Goiás no último sábado (15), a mãe de Raissa, Larissa Rosa Bueno, lamentou a demora no julgamento e denunciou manobras que, segundo ela, adiaram a realização do júri.
“A gente vem lutando há cinco anos para que isso acontecesse. Esse júri já foi adiado duas vezes [agora três]. Primeiro, o advogado de defesa não compareceu em outubro. Depois, em dezembro, ele alegou que precisava acompanhar o filho em tratamento de câncer. Isso são manobras que fazem a gente sofrer ainda mais”, desabafa.
Apesar dos desafios, Larissa afirma que a família conseguiu, junto ao Ministério Público, enquadrar Eduardo José no crime de homicídio doloso simples, cuja pena pode chegar a 12 anos de prisão. “Nossa expectativa é que ele seja condenado à pena máxima, que ele fique um tempo preso pelo que fez com a nossa filha”, reforça.
“Nós que pagamos a pena”
Durante os cinco anos desde a morte da filha, Larissa e sua família vivem o luto diariamente. “A gente deixou de viver. Não temos Natal, Ano Novo, nenhuma data comemorativa. A dor está presente todos os dias. Minha filha estaria com 20 anos, cursando faculdade, pensando no futuro. Mas tudo isso foi tirado de nós. A verdade é que quem paga a pena somos nós, não ele.”
A mãe da vítima também critica a liberdade de Eduardo José, mesmo com as provas contra ele. “Nunca ficou preso, apesar de termos juntado provas no processo. Testemunhas viram ele bebendo em um bar antes do acidente, e a perícia constatou que ele estava a mais de 130 km/h em um trecho onde o limite é 80 km/h. Ainda assim, ele segue vivendo normalmente, frequentando bares e dirigindo. A gente sabe que ele bebe e dirige, e isso é revoltante.”
A família acredita que a pressão popular pode ajudar para que, dessa vez, o júri aconteça de fato. “Nosso papel é divulgar o julgamento, informar sobre ele, porque sabemos que a justiça tem mecanismos que podem adiar e dificultar o processo. Mas esperamos que dessa vez a justiça seja feita e que os jurados compreendam a gravidade do que ele fez”, finaliza Larissa.