Seis anos depois

Júri do caso Robertinho, morto por PMs dentro de casa, é iniciado após cinco adiamentos

O adolescente Roberto Campos da Silva, de 16 anos, foi morto em 2017. Pai dele foi baleado, mas sobreviveu

Justiça determina perda de cargo de policial militar a condenados pela morte de Robertinho (Foto: Arquivo pessoal)

Nesta segunda-feira (26), a Justiça deu início ao júri do caso Robertinho, que envolve a morte do adolescente Roberto Campos da Silva, ocorrida em 2017. Os réus são os policiais militares (PMs) Cláudio Henrique da Silva, Paulo Antônio de Souza Júnior e Rogério Rangel Araújo Silva, que invadiram a residência da vítima e balearam ele e o pai dele, que sobreviveu. O julgamento já foi adiado cinco vezes.

O júri teve início às 10h10. A primeira testemunha a ser ouvida foi Roberto Lourenço da Silva, pai da vítima. Atualmente, jurados ouvem a segunda testemunha, o delegado Marco Aurélio Euzebio Ferreira, que estava de plantão no dia em que o adolescente foi alvejado.

Atestados médicos

O Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) informou que o último adiamento ocorreu devido à ausência do advogado dos PMs, Thales José Jayme, que não compareceu. O juiz responsável, Lourival Machado, negou a solicitação de adiamento apresentada pelo advogado, que havia apresentado um atestado médico na terça-feira anterior (16/05).

Vale lembrar que o adiamento anterior ocorreu em 17 de abril, também devido a um atestado médico apresentado pela defesa. O caso foi remarcado para esta quarta-feira.

O caso

Em 2017, o Ministério Público de Goiás (MPGO) denunciou os soldados pelos crimes de tentativa de homicídio, homicídio triplamente qualificado, abuso de autoridade e fraude processual. O incidente ocorreu quando os policiais, sem estarem caracterizados, cortaram a energia da casa onde Robertinho morava com sua família e invadiram o local.

O pai de Robertinho, ao confundi-los com ladrões, teria realizado disparos, levando à reação dos policiais, que atiraram contra o adolescente, resultando em sua morte instantânea. O pai também foi baleado e precisou ser hospitalizado no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo).

Outro ponto

Segundo o MP, os PMs, depois de perceberem a situação, teriam resolvido alterar os fatos para não serem responsabilizados pelo crime. Conforme a denúncia, os policiais passaram a mascarar o local do crime para simular uma troca de tiros com a vítima Roberto Lourenço, pai de Robertinho, para alegar legítima defesa.

Um dos agentes, inclusive, teria utilizado a arma da vítima que estava no chão para disparar contra o portão, de dentro para fora. Além disso, os três denunciados começaram a recolher os estojos das munições referentes aos disparos efetuados dentro do imóvel.