Justiça condena homem por matar avô da namorada em Senador Canedo a mais de 30 anos
Defesa alega tese de insanidade mental e recorre ao Tribunal de Justiça
A juíza Erika Cavalcante, por meio do tribunal do júri, condenou Maycom Sulyvan Alves a 31 anos e 6 meses de reclusão pelo homicídio de um idoso e duas tentativas de homicídio qualificado, em Senador Canedo. A decisão acatou denúncia do Ministério Público de Goiás (MP-GO), na última segunda-feira (24). A defesa já entrou com recurso.
O réu, detido em 2019, segue preso em preventiva. “Considerando a gravidade do crime em concreto, entendo que a manutenção da prisão preventiva é necessária para a garantia da ordem pública”, escreveu a magistrada.
De acordo com a denúncia do MP-GO, os crimes ocorreram em 22 de abril de 2019, por volta das 21h30, na Fazenda Bom Sucesso, zona rural de Senador Canedo. Consta nos autos que Maycom teria matado a facadas Geraldo Mariano, de 83 anos, e tentado (com a mesma arma) matar a esposa do idoso, Maura Mariano Quintino Rocha, e a filha do casal, Kemilly Quintino Alves.
Avô da namorada
As vítimas tinham parentesco com a namorada do acusado, uma jovem que tinha 15 anos à época – neta de Geraldo. Eles estavam juntos há dois meses, quando o crime ocorreu, conforme o MP-GO. Ainda segundo o órgão, a família não aprovava o relacionamento.
Maycom, que morava em uma casa com a sogra e a namorada ao lado da residência das vítimas, estaria embriagado no dia do crime. Segundo a denúncia, ele buscou uma faca na cozinha de onde morava e disse que ia matar o trio. A mãe dele chegou a ser chamada, mas junto com o filho continuou a beber.
Depois de ingerir mais álcool mais, o acusado pegou documentos e outra faca. Ele, então, deixou repentinamente a casa e seguiu para a residência das vítimas. No local, ele começou a gritar e Kemilly abriu a porta. Ele entrou em confronto com ela, mas foi na direção de Geraldo, desferindo uma facada no peito do avô da namorada, golpe que o matou.
Ele ainda golpeou Maura na região do pescoço e Kemilly na boca. Ele só parou as agressões quando a namorada dele o atingiu com um pedaço de lenha. Depois disso, ele fugiu com auxílio do pai. Ele estava na casa de um primo quando foi preso e confessou os crimes. Contudo, disse não se lembrar ao certo contra quem cometeu.
Confira a decisão da última segunda-feira (24) AQUI.
Defesa de Maycom
O advogado Ronaldo David Guimarães atuou de forma pro bono, ou seja, sem salário. Ele afirma que já recorreu para ao Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) para instauração de incidente de insanidade mental, que foi negado no juízo de primeiro grau.
“A decisão [de 31 anos] acredito ser exagerada diante da saúde mental dele. Se comprovado por médicos a pena deve cair pela metade”, expõe o defensor. “Tentamos buscar essa prova, mas não deram a chance de fazer.”
De acordo com ele, até mesmo as vítimas que sobreviveram devem ter dúvidas sobre a questão da saúde mental de Maycom. “Não é tentar justificar com a bebida, mas aferir se ele tem ou não um distúrbio que se agrava com o uso dela.”
Ronaldo afirma que até mesmo o pai tem medo dele, quando ele bebe. “Ele mesmo não recorda o que fez. Se os médicos dissessem que ele não tem problema de insanidade, eu iria recorrer pela dosimetria.”