Justiça inocenta ex-vereador de Piranhas condenado por tráfico de drogas
Segundo a defesa, drogas foram "plantadas" no carro de Dilson Brás para que um suplente de vereador ocupasse a vaga dele na Câmara Municipal de Piranhas
A Justiça de Goiás revisou decisão judicial que condenou o ex-vereador de Piranhas, Dilson Silva Brás, por tráfico de drogas, e inocentou o político. O homem foi preso com seis porções de cocaína e chegou a ficar detido por mais de dois meses. De acordo com a defesa dele, porém, o político teria sido vítima de armação de um suplente de vereador, um policial civil e um terceiro, supostamente responsável por “plantar” drogas no veículo de Dilson.
O caso ocorreu em novembro 2013, depois que Dilson, então vereador pelo município, foi abordado por policiais civis. À época, após busca veicular, os agentes encontraram seis porções de cocaína no carro dele. Os entorpecentes estavam no banco traseiro e no assoalho do automóvel.
Por conta disso, o político foi condenado a 3 anos de prisão, multa, além de perder o mandato eletivo e ficar preso preventivamente por mais de dois meses. A condenação transitou em julgado em outubro de 2015.
Reviravolta
Em 2019, no entanto, a defesa de Dilson, encabeçada por Demóstenes Torres, teria descoberto uma suposta armação contra o ex-vereador. Os advogados do político narram que o plano foi arquitetado para que um suplente de vereador ocupasse o lugar de Dilson na Câmara Municipal de Piranhas.
No recurso, a defesa afirmou que armação teve participação de três pessoas. O suplente de vereador, que pretendia ascensão política; um agente de Polícia Civil, que queria a realização de um concurso público na cidade, e um terceiro envolvido, que teria recebido dinheiro para “plantar” as drogas no carro do político.
Na última quarta-feira (4), o Tribunal de Justiça acolheu parecer favorável da Procuradoria-Geral de Justiça e seguindo o voto do relator, desembargador Itaney Francisco Campos, inocentou Dilson da condenação por tráfico de drogas por 9 votos a 1.
Decisão
O revisor, desembargador Luiz Cláudio Veiga Braga, classificou o caso como “absurdo” ao dizer que o conluio ocorreu “para a desgraça de um cidadão condenado definitivamente por um crime grave como o tráfico de drogas”.
A defesa narra que, no julgamento, foi reconhecida a trama construída em desfavor de Dilson e determinado que o Estado de Goiás o indenize pelo erro judiciário e pela participação negativa de agente da própria Polícia Civil no caso. Todos os direitos políticos do ex-vereador foram restabelecidos.
O Mais Goiás procurou a Polícia Civil e Procuradoria-Geral do Estado em busca de um posicionamento sobre o caso e aguarda retorno.