Justiça manda prender traficante solto irregular em Formosa
Direção Penitenciária comunicou Judiciário apenas na tarde desta sexta-feira (13), nove dias após ser solto com um mandado judicial. Ele ainda tinha mais de 12 anos para cumprir pena
Leomar de Oliveira Barbosa, de 55 anos, é o traficante conhecido como ‘Playboy’. Ele foi colocado em liberdade de forma irregular do presídio de Formosa no dia 4/7. Mesmo restando pouco mais de 24 anos para cumprir de pena, funcionários não observaram que o detento tinha outras ordens judiciais que o limitavam da liberdade. Ele é considerado foragido da Justiça, já que foi expedido um mandado de prisão nesta sexta-feira (13), nove dias após a soltura.
A Direção Geral de Administração Penitenciária de Goiás (DGAP) protocolou na tarde desta sexta-feira (13) um informe de que houve uma soltura indevida e irregular de Leomar do presídio de Formosa, na 1ª Vara de Execuções Penais de Goiânia. A comunicação aconteceu nove dias após a liberdade. Segundo o Centro de Comunicação Social (CCS) do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), uma ordem de prisão foi expedida no final da tarde.
Advogada do preso, Amanda Alves, disse que o caso demonstra ineficácia do Sistema Prisional. “Se houve algum erro, foi do Estado de Goiás”. Perguntada se o cliente vai se entregar, a advogada respondeu que não teve contato com Leomar nos últimos dias. “Busquei ele na porta do presídio, levei ao meu escritório e os familiares foram até lá, de onde ele foi embora. Não conversei mais com ele depois,” disse.
Playboy tinha uma pena de 36 anos e 6 meses, segundo o tribunal de Justiça de Goiás. Ele já cumpriu pouco mais 12 anos, e restavam pouco mais de 24 anos para ser colocado em liberdade. Leomar teria direito a ir para o Regime Semiaberto apenas no dia 21 de julho de 2021, segundo o Tribunal.
Histórico
Leomar Oliveira Barbosa, é considerado ex-braço direito do traficante Fernandinho Beira-Mar e conhecido como “Playboy”. Ele foi solto do Presídio Estadual de Formosa na quarta-feira (4/7), após o cumprimento de um Alvará de Soltura expedido pela Justiça Federal em Goiás. No entanto, segundo a Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP), a soltura foi indevida.
Por meio da assessoria de imprensa, a DGAP informou nesta quinta-feira (12), que Leomar foi liberado indevidamente, já que havia outras duas condenações contra ele na 1ª Vara de Execução Penal do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás. Informação do Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO), é de que o preso precisaria cumprir 12 anos 9 meses e 20 dias para obter progressão do regime fechado para o semiaberto.
Leomar cumpria pena por tráfico de drogas desde 1991, quando teve a prisão provisória decretada pela justiça. Segundo a DGAP, os funcionários do cartório da unidade, ao receberem o alvará de soltura nº 37983-58.2011.4.01.3500, não observaram que havia outras duas penas em cumprimento.
Em 2011, uma Operação da Polícia Federal descobriu novas rotas do tráfico internacional que passavam pelo Brasil, mais especificamente pelo pantanal. Durante as investigações, drogas e munições foram encontrados. O delegado Eder Magalhães, da Polícia Federal, informou à época que “traficantes que levavam os produtos apreendidos em aviões para favelas de São Paulo e Rio de Janeiro eram funcionários de Leomar”.
Casos
Este não é o primeiro caso de soltura irregular de presos em Goiás. Em 2015, Marcelo Gomes de Oliveira, conhecido no mundo do tráfico de drogas como Marcelo Zói Verde saiu com um mandado de soltura expedido pela 11ª Vara da Justiça Federal de Goiás. O juiz Leão Aparecido Alves determinou que ele fosse colocado em liberdade, e não foi observado se o preso tinha decisões anteriores que o limitassem da liberdade. Ele foi morto em 2017, na cidade de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, onde se escondia com identidade falsa.
Em 2016, Robson James da Costa Caixeta, que atirou, atropelou e matou um homem no Jardim Guanabara em Goiânia saiu pela porta da frente após um mandado de soltura expedido pela Justiça. Não foi observado que ele respondia processos anteriores.
Em 2017, Rafael Pires de Almeida, preso por homicídio qualificado, foi colocado em liberdade pelo mesmo motivo. Ele matou o delegado aposentado Célio Cassimiro Tristão, 73. A Justiça mandou soltar, mas a administração penitenciária não observou que o preso tinha mais sete processos na comarca de Trindade que determinavam a prisão — Ele também não poderia ser solto.
Em novembro de 2016, Stephan de Souza Vieira, traficante conhecido como BH, saiu pela porta da frente do regime semiaberto de Aparecida de Goiânia no primeiro dia que chegou lá. Traficante do Comando Vermelho em Goiás, o homem é apontado como um grande líder da facção. Ele estava em um carro de luxo sedã, azul, e um mandado falso foi usado para colocá-lo em liberdade. A soltura do detento foi autorizada porque um alvará falso foi usado. O diretor do presídio foi demitido, após isto. Ele foi preso dois meses depois, em Cabo Frio, no Rio de Janeiro.