ESTÁ NA UTI

Justiça nega novo habeas corpus da defesa de Wilson Pollara

Pedido de conversão para prisão domiciliar também não foi aceito

Defesa de Pollara se reúne com autoridades para dizer que ele não tem condições de ser preso
Defesa de Pollara se reúne com autoridades para dizer que ele não tem condições de ser preso (Foto: Reprodução - TV Anhanguera)

A Justiça negou, nesta segunda-feira (2), o novo pedido de habeas corpus feito pela defesa do ex-secretário municipal de Saúde Goiânia, Wilson Pollara. O pedido foi no domingo (1º), mesma data que o ex-titular da pasta sentiu dores no peito e foi transferido da Casa do Albergado para uma unidade de saúde. A própria defesa confirmou a negativa.

“Como forma de proteger a saúde e a dignidade humana de seu cliente, a defesa impetrou ontem [domingo] um novo habeas corpus com pedido em liminar. Inacreditavelmente, mesmo com Pollara internado em um leito de UTI, o pedido liminar foi indeferido pela justiça”, disse trecho da nota.

Em entrevista recente ao Mais Goiás, o advogado do investigado, Thiago Peres, disse que teme pela vida do cliente, caso a manutenção da prisão temporária persista. O pedido de conversão para domiciliar feito na sexta-feira (29) também foi negado.

Por outro lado, no último sábado (30), o Ministério Público de Goiás (MP-GO) confirmou ao Mais Goiás que conseguiu a prorrogação da prisão temporária do ex-secretário de Saúde Goiânia, Wilson Pollara, em cinco dias. O processo corre em segredo e Justiça e o órgão não informou os detalhes, como a data do aceite do pedido ou até quando foi mantido o cárcere.

Conforme expõe a defesa, Pollara possui doença arterial coronariana e, atualmente, apresenta quadro de arritmias cardíacas e hipertensão arterial, dificuldade de locomoção em razão de problemas musculares, além de outras complicações decorrentes do tratamento de dois cânceres. Uma vez que a saúde do ex-secretário requer cuidados especiais, segundo o advogado, “a prisão temporária coloca em xeque a integridade física e a dignidade humana do cliente”.

Pollara segue internado na UTI do Hospital Ruy Azeredo, em Goiânia.

Pollara foi preso por supostas irregularidades em pagamentos

A prisão do ex-secretário e outros dois ex-gestores da pasta, durante a Operação Comorbidade, ocorreu na manhã da última quarta-feira (27). Segundo o MP-GO, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), sob o comando de Pollara, tinha contato direto com os fornecedores da Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (Fundahc), responsável pela gestão de três maternidades na capital, e realizava pagamentos de forma não oficial.

De acordo com órgão, Pollara e os outros investigados (Quesede Ayres Henrique que atuava como secretário-executivo da pasta e Bruno Vianna, então diretor financeiro da SMS) formaram uma associação criminosa que favorecia empresas por meio de pagamentos irregulares – e eles próprios -, desrespeitando a ordem cronológica de exigibilidade e causando prejuízos aos cofres públicos. O esquema impactou diretamente a gestão da saúde municipal, agravando a crise no setor. Recentemente, o caos refletiu na fila das UTIs com pessoas morrendo à espera de uma vaga.

Além das prisões, foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão e determinada a suspensão das funções públicas dos três servidores. As ações foram realizadas na sede da Secretaria Municipal de Saúde, nas residências dos presos e de um empresário vinculado aos contratos investigados. Durante as buscas, os agentes encontraram R$ 20.085,00 em dinheiro na posse de um dos alvos.

Por meio de nota, enviada na data da operação, a prefeitura de Goiânia destacou colaborar com as investigações e que tomará as medidas administrativas cabíveis a partir do desdobramento da apuração feita pelo Ministério Público de Goiás. No mesmo dia, inclusive, o município trocou o secretário. A nova titular da pasta é Cynara Mathias Costa.

Nota do hospital

Na noite deste domingo, 1º de dezembro de 2024, no Hospital Ruy Azeredo, a equipe liderada pelos médicos Dr. José Maria, Leandro e Rafael Azeredo Bastos, realizou com sucesso o procedimento de angioplastia no paciente Wilson Modesto Pollara, que apresentava quadro de angina instável.

O Sr. Wilson Modesto Pollara compareceu ao hospital com dor precordial típica persistente. Após avaliação clínica detalhada e exames complementares, um cateterismo cardíaco identificou lesão de 95% em ramo diagonal de bom calibre. Frente ao achado foi realizado angioplastia percutânea como implante de stent farmacológico.

O procedimento foi concluído com êxito e complementado por angiotomografia da aorta para análise abrangente do sistema cardiovascular. O paciente encontra-se estável e permanece sob monitorização contínua na unidade de terapia intensiva (UTI)”.

Nota da defesa de Pollara atualizada:

“A defesa de Wilson Pollara informa que seu cliente se encontra internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Ruy Azeredo, após ter sido submetido a uma angioplastia com implante de stent de urgência. Ele deu entrada na unidade de saúde ontem (01), apresentando fortes dores no peito, com quadro de angina instável. O laudo médico emitido pelo hospital relata que “após avaliação clínica detalhada e exames complementares, um cateterismo cardíaco identificou lesão de 95% em ramo diagonal de bom calibre. Frente ao achado, foi realizada angioplastia percutânea com implante de stent farmacológico”.

Desde a semana passada, a defesa da Pollara vem alertando o Ministério Público de Goiás (MP-GO) e o Poder Judiciário a respeito do agravamento do estado de saúde de seu cliente e dos riscos que a manutenção da prisão temporária impunha ao seu estado geral. Trata-se de um idoso de 75 anos, que possui doença arterial coronariana e já, vinha apresentando, nos últimos dias, arritmias cardíacas e hipertensão arterial, dificuldade de locomoção em razão de problemas musculares, além de outras complicações decorrentes do tratamento de dois cânceres.

Como forma de proteger a saúde e a dignidade humana de seu cliente, a defesa impetrou ontem um novo habeas corpus com pedido em liminar. Inacreditavelmente, mesmo com Pollara internado em um leito de UTI, o pedido liminar foi indeferido pela justiça. Causa perplexidade e indignação o fato de que, a despeito da gravidade do estado de Pollara, a decisão judicial tenha determinado que a prorrogação por mais cinco dias da prisão temporária não representaria risco à sua saúde, bastando para tanto que o tratamento medicamentoso fosse ministrado. Diante deste cenário, a defesa reforça que continuará buscando todas as medidas legais para que seu cliente tenha acesso aos cuidados necessários, e reitera o alerta de que a manutenção da prisão temporária representa risco de morte ao médico.”