Violência contra a mulher

Justiça nega prisão preventiva de filho de ex-prefeito flagrado em vídeo espancando advogada em Anápolis

Decisão ocorre após parecer do MP, que atuou pelo indeferimento da detenção

A Justiça Goiana considerou não haver elementos suficientes para pedir a prisão preventiva de Victor Junqueira, piloto e filho do ex-prefeito de Anápolis Eurípedes Junqueira, flagrado em vídeo espancando a ex-namorada, a advogada Luciana Sinzimbra. A agressão ocorreu na madrugada do último 14/12 e o inquérito foi finalizado no 26/12, quando o caso foi remetido ao Judiciário.

A decisão acolheu parecer do Ministério Público, que considerou não haver elementos para a prisão preventiva. Segundo o MP na sentença “não se faz presente o requisito do ‘periculum libertatis‘ em virtude da inexistência de provas acerca da alegada intenção do representado [Victor] de se evadir do distrito da culpa”. O órgão ministerial ainda entendeu que a prisão seria uma “medida desproporcional”.

A juíza Ítala Colnaghi Bonassini Da Silva então ponderou que para a decretação de prisão preventiva, “faz-se necessário não apenas a materialidade e indícios de autoria, mas também a demonstração de que o agente representa efetivo risco às ordens pública e econômica, bem como à regular instrução criminal ou à futura aplicação da lei”.

Resultado do espancamento (Foto: reprodução/Whatsapp)

Apesar da decisão favorável, Victor Junqueira está proibido de mudar de domicílio e de ausentar-se da comarca onde reside sem comunicar o juízo e, respectivamente, obter autorização Judicial. Ele ainda tem que cumprir todas as intimações e comunicações realizadas pelas autoridades, comparecer a cada 20 dias em juízo para informar e justificar suas atividades e está proibido de ausentar-se do país, entregando, em 24h, seu passaporte no cartório de Plantão Criminal.

Em nota, a defesa técnica de Victor disse estar perplexa com a representação pela sua prisão preventiva “fundamentada em fake news, quais sejam, notícias fantasiosas de que ele se evadiria do País”. Os advogados Romero Ferraz Filho e Luís Alexandre Rassi também argumentaram que o indeferimento do pedido pela Justiça reforça ” a fragilidade da representação formulada para atender os anseios das redes sociais”. A defesa ainda reafirmou que o piloto está cumprindo todas as medidas cautelares que foram impostas a ele.

A redação também tentou contato com a advogada, mas as ligações não foram atendidas até o fechamento deste texto.

Violência

As imagens feitas pela própria advogada com auxílio de um celular escondido viralizaram nas redes sociais, por meio das quais a vítima recebeu apoio de amigos, desconhecidos e celebridades. A negativa ocorre na mesma semana em que suspeitos de violência contra a mulher, também flagrados em vídeos, foram detidos em Goiás.

Na conclusão do inquérito, no último 26/12, a delegada Ana Elisa Gomes, da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), afirmou que o então suspeito não estava prejudicando as investigações ou cometendo outros crimes contra a ex-companheira, e por isso não seria detido naquele momento.