Investigação

Laudo aponta pane no motor como causa da queda de avião, em São Felix de Xingu

Acidente resultou na morte de quatro pessoas residentes em Goiás, em 2018. Todos tiveram os corpos queimados. O piloto Cristiano Reis morreu dias 33 após a queda

Pane no motor. Esta foi a causa da queda do avião que resultou na morte quatro pessoas em São Felix do Xingu, na região Sudeste do Pará, em julho de 2018. A informação foi divulgada pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) após o fim da investigação que apurava o motivo do acidente. Laudo da apuração foi publicado no site do órgão nesta quinta-feira (27).

O acidente ocorreu no dia 27 de julho do ano passado e vitimou o piloto da aeronave, Cristiano Rocha Reis, e os passageiros Victo Gabriel Tomaz, 10 anos, Evandro Geraldo Rocha Reis, 73, e José Gonçalves de Oliveira, 72, que tiveram os corpos carbonizados. O único sobrevivente foi o empresário Robson Cintra.

Segundo o laudo, o Certificado Médico Aeronáutico (CMA) de Cristiano Reis estava vencido desde o dia 10 de agosto 2007. O Certificado de Aeronavegabilidade (CA) do avião Cessna  Aircraft, de matrícula PP-MMR, estava suspenso por apresentar incompatibilidade no Registro Aeronáutico Brasileiro (RBA) da Agência Nacional de Avião Civil (ANAC) desde 31 de agosto de 2017. O documento aponta ainda que o proprietário/operador do avião que constava no RAB não estava atualizado.

Ainda conforme a investigação, uma ordem de apreensão, bloqueio e impedimento de voo para a matrícula do avião havia sido emitido pela Justiça Federal, no final de agosto de 2017. A habilitação de Avião Monomotor Terrestre também estava com prazo vendido desde 2007. A mesma documentação do copiloto, no entanto, não apresentou nenhuma irregularidade. Não foi possível levantar as horas totais de voo da aeronave, pois o diário de bordo e as cadernetas de célula, motor e hélice não foram encontrados.

Irregularidades encontradas durante a investigação. (Foto: Divulgação/Cenipa)

Relembre o caso

A aeronave com cinco ocupantes caiu na região da comunidade de Barra Mansa, próximo a São Félix do Xingu, região Sudeste do Pará na tarde de 27 de julho de 2018. Três pessoas morreram e outras duas ficaram gravemente feridas, entre elas o conhecido piloto goiano Cristiano Rocha, que foi internado e posteriormente transferido para a UTI do Hugol. Ele morreu 33 dias depois do acidente. Apenas o empresário Robson Alves Cintra sobreviveu. 
O avião decolou de uma pista não registrada na comunidade por volta das 15h30, com destino ao Aeródromo de Ourilândia do Norte (PA). Segundo relatos, logo após a decolagem, houve falha do motor. O piloto tentou fazer um retorno ao local de decolagem, porém sem êxito. Numa tentativa de pouso forçado em área de selva, A aeronave efetuou um pouso forçado em área de selva e ficou destruída com o impacto.
Aeronave foi consumida pelas chamas após o impacto (Foto: divulgação/Polícia Civil)

Tráfico de drogas 

Em fevereiro de 2019, investigações da Operação Flak apontaram que o piloto Cristiano estaria envolvido no esquema criminoso que, em dois anos, movimentou mais de R$ 13 milhões. Outro envolvido na organização criminosa, segundo a Polícia Federal (PF), era o pai de Cristiano, Evandro Geraldo Rocha Reis, de 73 anos. O idoso também morreu na queda do avião.
 À época da Operação, o tio do piloto, João Soares Rocha, foi detido em Tucumã, no Pará. Conforme a PF, o grupo que teria ligações com os traficantes Fernandinho Beira-Mar e com Leonardo Dias Mendonça transportou nove toneladas de drogas em, pelo menos, 23 viagens aéreas.

A quadrilha tinha, segundo a política, quatro núcleos de serviços dentro da sua organização. O primeiro era o logístico, que cuidava da contratação de pilotos, as escolhas da aeronaves e abertura de pistas clandestinas para pousos e decolagens de aviões.