Laudo do IML aponta embolia pulmonar como causa da morte de jovem estuprada na UTI, em Goiânia
A estudante de arquitetura Susy Nogueira Cavalcante, de 21 anos, morreu por causa de uma…
A estudante de arquitetura Susy Nogueira Cavalcante, de 21 anos, morreu por causa de uma embolia pulmonar. Isso é o que aponta o laudo realizado por médicos-legistas do Instituto Médico Legal (IML). Agora, o instituto busca esclarecer o que ocasionou o problema na jovem, que foi estuprada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Goiânia Leste, em maio deste ano.
Segundo o gerente do IML, Dr. Marcellus Arantes, o coágulo foi formado em uma das principais artérias do corpo e ocasionou o problema no pulmão direito da jovem e ela teria ido à óbito após uma parada cardíaca.
“Entramos agora numa segunda parte da investigação. Iremos analisar todos os dados que foram encaminhados para a gente. Sabemos que a morte não tem relação com o estupro e que não houve penetração na vítima. Analisaremos também se a assistência médica dada na unidade estava dentro da normalidade”, pontua.
Marcellus ainda destaca que foram feitas análises das vísceras da jovem. Esse material foi encaminhado ao IML separado do corpo de Susy. Segundo ele, um novo exame foi feito para certificar de que as vísceras encaminhadas era realmente da estudante. Devido o volume de dados colhidos pela Polícia Civil (PC), a expectativa é de que, em 40 dias, haja a conclusão do que tenha causado a embolia pulmonar na jovem.
Por meio de nota, a OGTI, empresa que administra a UTI do HGL, disse que “em respeito aos familiares e à memória da paciente não comentaremos o resultado dos exames realizados pelo IML, pois não tivemos acesso ao laudo.” A empresa também afirmou que está à disposição das autoridades.
O advogado da família, Darlan Alves Ferreira, diz que aguarda a conclusão do laudo definitivo mas adianta que a embolia foi causada por um erro médico. “Um exame que foi solicitado pelo hospital, e que foi pago pelo pai da Susy, comprovou uma lesão na traqueia da jovem, no momento em que ela era entubada. Buscamos agora saber se houve imperícia, imprudência diante desse procedimento”, frisa.
Relembre o caso
A estudante deu entrada na unidade no último 16 de maio após apresentar um crise convulsiva. A jovem, então, teve que ficar internada e, segundo a titular da Delegacia Estadual de Proteção à Mulher (Deam), Paula Meotti, foi estuprada naquele mesmo dia. O suspeito do crime, o técnico de enfermagem Ildson Custódio Bastos, de 41 anos, está preso preventivamente desde que se apresentou de forma espontânea à delegacia. Ele nega o crime.
Em coletiva de imprensa, o pai da jovem questionou a atuação da Polícia Civil diante do caso. Ele destaca que foi avisado do estupro no momento do velório da filha. Para ele, a delegada poderia ter feito alguma coisa para impedir que o pior acontecesse no dia em que recebeu a denúncia. “Ela estava documentada, era só ir e resolver a situação da minha filha. Era só solicitar uma transferência de hospital e comunicar os familiares do ocorrido”, questionou o policial aposentado.
Paula Meotti rebateu as acusações e declarou que fez tudo o que estava ao alcance da corporação. E mais: que não tem autoridade para retirar nenhum paciente do hospital. “O próprio hospital nos procurou para relatar o ocorrido. Eu não posso me responsabilizar pela morte da filha dele. Eu cumpri com minhas obrigações como delegada de investigação de autoria e materialidade e representei pela prisão preventiva do suspeito. Quanto à internação da vítima, cabia ao pai decidir em transferi-la de unidade”, comentou a delegada.
Diversos amigos e familiares protestaram, em junho deste ano, na porta da unidade para cobrar justiça pela morte da estudante. No local, os manifestantes levaram cartazes e cantaram várias músicas religiosas para lembrar a morte da garota. Esse foi o segundo ato em prol da memória de Suzy. Em 30 de maio, estudantes de arquitetura se reuniram no Teatro de Arena da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) – instituição que a jovem estudava – para lembrar o caso.
Um força-tarefa foi criada e um novo inquérito aberto para descobrir a causa da morte da vítima. A possibilidade de uma nova exumação do corpo foi descartada pelo delegado Wellington da Conceição, do 9° Distrito Policial de Goiânia. Réu pelo crime de estupro, o técnico de enfermagem chegou a prestar depoimento ao delegado, mas preferiu ficar em silêncio durante a oitiva. Após o caso, um projeto de lei, que leva o nome da vítima, tramita da Assembleia Legislativa que visa a obrigatoriedade de instalação de câmeras de segurança dentro de UTIs de hospitais públicos e particulares.