Líder de seita e avó de vítimas são indiciados por estupro de vulnerável, em Caiapônia
Eles responderão por dez crimes, pois uma das vítimas foi abusada sete dias seguidos pelo líder da seita. Dupla continua presa no presídio da cidade
O líder de uma seita, de 42 anos, que foi preso suspeito de abusar de crianças durante rituais, foi indiciado por dez crimes de estupro de vulnerável, em Caiapônia. Junto com ele, a avó das meninas, de 49 anos, também responderá pelo mesmo crime. Ambos foram detidos durante deflagração da Operação Anjo da Guarda 2.
De acordo com o delegado à frente das investigações, Marlon Souza, o homem teria estuprado quatro meninas: de 3, 7, 10 e 13 anos. A criança mais velha teria sido abusada sete vezes seguidas. As investigações apontaram conjunção carnal nela e na outra criança, de 10 anos. Os abusos aconteciam na zona rural da cidade, onde eram realizados os rituais da seita.
As meninas eram ameaçadas pela dupla e a avó as teria instruído a culparem o seu marido como autor dos abusos. O homem chegou a gravar um vídeo assumindo a autoria dos crimes, mas foi o delegado entendeu que ele foi induzido.
“As declarações das vítimas foram congruentes para apontar a dinâmica do crime, a ameaça, a autoria, assim como a indução das mesmas a declararem que o marido da avó teria praticado os estupros”, destaca Marlon.
O inquérito conta com 300 páginas foi remetido ao Judiciário. A dupla passou por audiência de custódia, na última segunda-feira (14), e a juíza da comarca decidiu em manter a prisão preventiva do casal. Eles estão presos na Cadeia Pública de Caiapônia.
Defesa
O advogado da avó e do líder, Leonardo Couto Vilela, informou que os crimes aconteceram, mas não foram cometidos pelos clientes, o que estaria embasado pelo vídeo. E que o pedido do Habeas Corpus não foi feito. Confira a nota completa:
Na tarde de ontem (15/01/2019), às 13h30min foi realizada a audiência de custódia dos indiciados, contudo, como já havia sido formalizado requerimento de revogação de prisão preventiva, a juíza optou por analisar com mais detalhe sobre os pedidos.Ainda não foi impetrado Habeas Corpus para o TJGO por duas questões: a primeira pelo fato que quem decretou a prisão da dupla foi um juiz plantonista (durante o recesso forense) e, portanto, a defesa achou interessante requerer para a juíza titular da Comarca, a qual, por sinal, irá julgar o processo. A segunda para se evitar a chamada “supressão de instância”.Quanto à matéria de mérito, a defesa crê que os abusos realmente aconteceram, todavia, os autores não são os indiciados. Tanto é verdade, que possui vídeo de terceira pessoa confessando as práticas ilícitas.
Operação
O caso veio à tona após a mãe de uma das meninas, que mora em Rio Verde, desconfiar do comportamento e da insistência da avó em levá-la para Caiapônia. Durante as investigações, foi comprovado que a avó oferecia as meninas como forma de “sacrifício” para enriquecimento financeiro. A suspeita é de que os abusos eram cometidos há cerca de cinco meses.
Inicialmente, apenas três meninas (de 7, 10 e 13 anos) seriam vítimas. Após reportagens televisivas, uma menina de 3 anos entrou em pânico ao ouvir a voz do suspeito. A avó paterna da menina desconfiou do comportamento e a levou na delegacia, onde foi ouvida pelo delegado.
A operação foi deflagrada no último dia 4, em conversa informal. O líder chegou a confessar os crimes e relatou que os praticavam quando estava sob domínio de entidades. Ele também teria agradecido pela prisão, pois “as entidades estavam exigindo sacrifícios cada vez maiores”. Porém, instruídos pelo advogado, o líder e a avó se mantiveram em silêncio durante as investigações.
A mulher, avó das meninas, mantinha um relacionamento extraconjugal com o líder da seita. Na operação, foi apreendido um diário no qual continha os nomes das vítimas e toda a descrição dos abusos. Nomes de demais pessoas estavam citadas no diário, mas, segundo o delegado, os abusos eram cometidos apenas pelo líder.
“Houve um confrontamento das oitivas das testemunhas e todas eles constataram que as crianças não participavam dos rituais. Ou seja, os abusos eram cometidos separadamente”, conta Marlon.
O líder da seita, ainda ameaçou a se suicidar em carta escrita no último dia 6. O documento foi interceptado por agentes e, por segurança, ele foi transferido para uma cela isolada e longe de qualquer objeto que possa ajudar no suicídio.