Líderes de seita no DF são acusados de trabalho escravo e faltam à audiência
Operação também investiga a Igreja Adventista Remanescente de Laodicei por alojamentos precários. Líderes estão com contas bloqueadas
Os representantes da Igreja Adventista Remanescente de Laodicei, acusados de manter crianças e adolescentes em trabalho escravo, faltaram à primeira audiência no Ministério Público do Trabalho (MPT). O encontro deveria ter acontecido na Vara do Trabalho do Gama (DF), na última segunda-feira (1º).
A líder da seita religiosa, Ana Vindoura, 64 anos, teve a bancária conta bloqueada pela Justiça em março deste ano. Assim como Luciclei Rosa da Silva, Márcia Cristina Cardoso, Márcia Morais de Rezende e Lúcio de Faria Silva Alves. O bloqueio foi para garantir pagamento dos jovens forçados a trabalhar.
De acordo com as investigações, as vítimas ficavam encarceradas na chácara Folhas de Palmeiras, na DF-290, Gama, e só foram descobertas depois que a Polícia Civil (PC) resgatou uma jovem de 18 anos. O episódio fez com que outras pessoas delatassem a seita. As crianças eram impedidas de frequentarem a escola. As pessoas eram submetidas a trabalhos forçados e mantidas em alojamentos precários.
A operação resultou na interdição dos alojamentos usados pelos fiéis e das áreas de panificação e hortaliça da chácara. O auditor fiscal do trabalho Rodrigo Ramos do Carmo disse que no local haviam equipamentos de última geração para a fabricação de pães. As máquinas de costura tinham até leitor digital. “No entanto, os trabalhadores desenvolviam suas funções não remuneradas em banquinhos de plástico e sem encosto”, afirma.
“Pessoas passavam a noite em carrocerias de caminhões ou sob estruturas de lonas que eram compartilhadas por homens, mulheres e crianças. Um desses alojamentos ficava ao lado de um depósito de agrotóxico. Fechamos tudo”, concluiu o auditor fiscal.
Segundo a delegada Érika Costa, desde 2016 há relatos de condutas criminosas praticadas na comunidade, mas obstáculos dificultavam o flagrante policial. “Seja pelo temor que as vítimas demonstravam ter de represálias por parte da líder religiosa, seja pela própria conduta destes em burlar e embaraçar a ação policial”, destaca.
*Com informações do site Metrópoles