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Lojistas da 44 dizem que abrir em novos horários é melhor que lockdown

Comerciantes dizem que há risco de ter que demitir funcionários

Restrições não foram repudiadas pelos lojistas da 44, diz associação (Foto: Jucimar de Sousa/Mais Goiás)

Embora o comércio que funciona na região da rua 44 tenha sido alvo de duras medidas de restrição impostas pelo decreto de segunda-feira do prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos), os lojistas que trabalham no perímetro compreenderam que o remédio é necessário para conter a curva de novos casos de covid-19. É o que afirma o presidente da Associação Empresarial da Região da 44 (AER44), Crhystiano Câmara.

Até ontem, as lojas da 44 funcionavam das 8h às 18h. Com o decreto em vigor, passarão a abrir de quarta a sábado, das 7h às 15h. Câmara afirma que, ainda que os comerciantes entendam o contexto em que a cidade vive, eles correm o risco de ter que demitir funcionários.

Em coletiva de imprensa que aconteceu na manhã desta terça, o presidente da AER44 disse que o novo horário pode trazer benefícios, como desafogar de linhas do transporte coletivo que cortam a região. “Os trabalhadores vão pegar os veículos fora dos horário de pico, pela manhã e pela tarde. Mas uma vez a 44 está fazendo a parte dela”, ressalta.

Chrystiano diz que os representantes da categoria de lojistas acatou o remédio para evitar que a prefeitura tenha que tomar medidas ainda mais duras, como estabelecer o lockdown. “No ano passado foram 120 dias fechados e foi uma situação muito crítica para os trabalhadores da região. Vale lembrar que o pessoal que está ali está a trabalho. A gente não está se divertindo”.

O presidente da AER44 diz que a prefeitura, por ora, não estabeleceu restrições ao ir e vir das caravanas de consumidores de outras cidades e estados. “A gente tem um controle. Há uma lista dos passageiros da Agência Nacional do Transporte Terrestre (ANTT) e os ônibus que antes vinham com 45 passageiros, agora estoura 15 a 18 pessoas. Isso contanto com os motoristas e o guia”.

Contra e a favor

Alguns comerciantes acreditam que a decisão tomada pelo prefeito foi “sábia”. A vendedora Denise Gomes, de 42 anos, afirma que a situação poderia ter sido bem pior. “A gente tem que entender. Estamos num momento que não temos para onde correr. Estávamos morrendo de medo de um novo fechamento. Muitos comerciantes não poderiam aguentar. A estratégia é boa para evitar muita aglomeração”, afirma.

Denise afirma que a única coisa que poderia ser revista é o horário de funcionamento. Para ela, das 7h às 15h, pode levar em consideração o antigo horário: das 9h às 17h. “Com o novo horário, pode ser que as pessoas se aglomerem mais pelo fato de fechar mais cedo. No outro horário, era possível evitar algum tumulto. Além disso, tem trabalhadores que terão que ir mais cedo para os pontos de ônibus e isso pode ser perigoso, principalmente os que moram nos setores mais longes da capital.”

Denise classifica a decisão do prefeito como “sábia” (Foto: Jucimar de Sousa/Mais Goiás)

Já Isleika Cristina de Oliveira, de 35 anos, é contra todo o decreto e acha que as normativas tinham que ser estendida para todos os comércio de maneiras igualitária. Para ela, a 44 foi tida como “vilã da contaminação”. “Achei ridículo esses horários. Estão acabando com os lojistas da 44. Nós mesmo, durante a primeira onda, tivemos uma demissão em massa na nossa empresa. Conseguimos resgatar a maior parte dos funcionários novamente (cerca de 30 pessoas). Agora nos vemos de mãos atadas. Teremos que fazer novos desligamento É de cortar o coração o que estão fazendo com os lojistas da 44. Infelizmente, não conseguiremos segurar nossos funcionários assim”, desabafa, ao revelar que pelo menos dez funcionários devem ser demitidos.

Isleika diz que conseguiu reverter a situação da primeira onda por ter matéria-prima e por se adaptar bem às vendas online. Mas ela afirma que isso tudo pode mudar de uma hora para outra. “Agora depois do carnaval caiu bastante. Não sei se por medo ou se insegurança de fechar tudo novamente. Mas os clientes praticamente sumiram. Os shoppings estão vazios”, reforça

Assim como Denise, Isleika também é contra a diminuição do horário de funcionamento pelo fato de intensificar o fluxo no local. “Aquela aglomeração que vem sendo mostrada lá fora, tá bem longe de acontecer dentro dos shoppings. Na verdade, eles colocaram a 44 como o vilão da vez, mas não é bem assim. Há muito a ser feito pelos arredores e em outros estabelecimentos, mas os mais prejudicados estão sendo os lojistas da 44 (sic)’, finaliza.

Isleika conta que pelo menos dez funcionários serão mandadas embora (Foto: Jucimar de Sousa/Mais Goiás)