Louca invasão paulista na Chapada dos Veadeiros
Nunca vi tanto paulista na Chapada dos Veadeiros como agora onde antes o pessoal de Brasília era amplamente majoritário
Frequento a Chapada dos Veadeiros há quase três décadas. Sendo mais preciso, conheci esse espetáculo da natureza no longínquo julho de 1994. Sim, estava rolando a Copa do Mundo. Sim, ainda estávamos conhecendo as notas do Real. Sim, há 28 anos eu travei meu primeiro contato com o local que venho frequentando de tempos em tempos desde então.
Vi toda a transformação de Alto Paraíso e São Jorge. A melhoria da infraestrutura, a subida dos preços, a gourmetização, a mudança do perfil do público. Nessas merecidas férias que gozo na primeira quinzena de julho, passei novamente alguns dias no local e algo me chamou a atenção: nunca vi tanto paulista na Chapada como dessa vez.
Gente de Campinas, Franca, São Bernardo do Campo, Ribeirão Preto e da capital. O sotaque típico do mano paulistano na fila do Parque, os comentários sobre a vitória do Palmeiras na mesa ao lado no restaurante, a conversa das crianças do casal ao lado durante o café da manhã. Onde antes só se via gente de Brasília e com goianos esporádicos, agora está com os paulistas. Éramos acostumados a ver esse grande fluxo da rapaziada de SP em Caldas Novas, não na Chapada.
Você já percebeu que a análise é totalmente empírica, né? Analisando placas de carros (que essa maldita mudança colocando apenas Brasil nos veículos atrapalha um tanto), ouvindo sotaques, conversando com as pessoas.
Conversando com alguns desses paulistas, observei que a farta maioria estava ali pela primeira vez. E alguns pontos explicam esse súbito interesse dos moradores do estado mais rico do país pelo nordeste goiano. O preço estratosférico do dólar é a razão principal. Muita gente está optando pelo turismo doméstico por questões econômicas.
Pois é, Paulo Guedes, as empregadas domésticas (leia-se classe média bem remediada) não consegue mais ir para Disney. A classe média que antes fazia o turismo interno agora se contenta em pagar o supermercado. E os que antes conseguiam viver no limite das necessidades atualmente voltaram à trágica insegurança alimentar.
Parabéns, liberalóide cretino brasileiro: o satânico plano de elitização dos voos internacionais foi bem sucedido.
@pablokossa/Mais Goiás | Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil