Mãe revela ter sido vítima de troca de bebês no Hutrin em 2017
Famílias ficaram 24 horas com filhas trocas na maternidade do Hutrin, em 2017; situação foi solucionada após insistência das mães. Caso chama atenção pela semelhança com ocorrência recente
Há quase dois anos, duas famílias tiveram seus bebês trocados na maternidade do Hospital de Urgência de Trindade (Hutrin), antecedendo o caso da última sexta-feira (26) na mesma unidade de saúde. As famílias ficaram com as filhas trocadas por 24 horas e perceberam diferenças físicas, devido à coloração de pele das meninas recém-nascidas. Sob protestos das mães, o hospital investigou o caso pelo sistema de monitoramento de vídeo e fez exames de DNA, que comprovaram a troca.
Adriana Silvestre, 33 anos, sofria dores do pós-parto e da cirurgia de laqueadura quando recebeu a bebê errada no quarto da maternidade, no dia 17 de agosto de 2017. “Me disseram (equipe médica) que eu estranhei a diferença da bebê por causa da iluminação e do sistema de ar condicionado. Bati o pé que eles tinham trocado as meninas”, relembra.
Com a certeza de que a filha recém-nascida estava em outro quarto da maternidade com outra mãe, Adriana escutava o choro insistente de uma bebê durante toda a madrugada. Ela não podia sair da cama. Apenas escutava. No outro dia, ficou sabendo que o choro vinha da própria filha.
Em outro quarto, Caroline Cristina, de 28 anos, passava pela mesma situação. Ela estava com a filha de Adriana e longe de sua bebê. Após insistência das mães, o hospital realizou a investigação que comprovou a troca. O parto das mulheres aconteceu em horas próximas e as recém-nascidas foram colocadas em berços errados.
Como a troca das bebês foi desfeita dentro da maternidade, as famílias não denunciaram o caso à polícia. “Quando peguei minha filha, só queria sair daquele pesadelo”, diz Adriana. Na época, agosto de 2017, o hospital fez uma declaração atestando a troca e explicando o caso às mães. Segundo Adriana, representantes da unidade médica disseram que os envolvidos no erro foram afastados e que os procedimentos seriam revistos para evitar novos equívocos.
Veja íntegra da nota emitida pela administração do hospital à época:
Caso repetido
Na última sexta-feira (26), uma nova troca de bebês, na mesma unidade de saúde, chamou atenção. O caso foi comprovado por exame de DNA feito pelos pais de um dos recém-nascidos. Desde o dia 9 de julho, as crianças ficaram com as famílias erradas após nascerem com poucos minutos de diferença. As famílias até decidiram morar juntas enquanto aguardam o resultado de um novo exame com amostra das duas famílias para solução final do caso.
Assim como no caso de Adriana e Caroline, os pais desconfiaram da troca devido às características físicas dos recém-nascidos. Um casal decidiu fazer exame de DNA por conta própria e identificou incompatibilidade de paternidade. O delegado André Fernandes, responsável pelo caso mais recente, afirmou que a troca aconteceu por um erro na hora de colocar a pulseira de identificação nos bebês.
O Mais Goiás entrou em contato com a assessoria de comunicação do Hutrin para saber quais medidas foram tomadas desde 2017 para evitar que os casos sejam repetidos e sobre ações para evitar erros de troca de recém-nascidos.
Em nota, a assessoria do Hutrin informou que o caso aconteceu em 2017, portanto, fora da abrangência da gestão do Instituto CEM, a organização social que administra a unidade de saúde desde novembro de 2018. A nota informa que em virtude do ocorrido naquele período os protocolos de segurança foram alterados para impor mais rigor e não dá mais detalhes.