Maior sino do mundo chegará sob suspeita de corrupção para a nova Basílica de Trindade
Operação apura desvios de doações de fiéis para construção da Basílica
O maior sino do mundo, avaliado em R$ 17 milhões, chegará sob suspeita de corrupção para a nova Basílica de Trindade. A quantia é quase o triplo do valor revelado pela Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe) na época da aquisição, em 2014. O Ministério Público de Goiás (MPGO) investiga se a compra da peça foi realizada por meio de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica.
O real valor do sino, conhecido como Vox Patris, foi descoberto pelos promotores de Justiça durante uma análise de parte do material apreendido durante a Operação Vendilhões, deflagrada em agosto do ano passado. De acordo com o promotor Sandro Halfeld, o contrato de compra do sino consta nos documentos usados como evidências do MPGO.
“Já foi pago tudo [o valor do sino], os R$ 17 milhões. Foram 4 milhões de dólares na cotação de agosto de 2014 e R$ 7 milhões. Apreendemos o contrato de aquisição, R$ 6 milhões era só uma parcela”, disse Halfeld.
Em nota, a Afipe disse que o valor da compra procede, mas que é referente à aquisição de 73 sinos ao todo. “Foi apurado também que o valor é referente a compra de 73 sinos, sendo um conjunto de 68 em carrilhão, um conjunto de 4 sinos tipo badalos em quarteto ideal e um sino de badalo Vox Dei. A nova diretoria que tomou posse na última quinta-feira, continua trabalhando na apuração de todos os fatos.”
Em homenagem ao Divino Pai Eterno, o sino é composto 78% por cobre e 22% por estanho e com imagens em fundição na parte externa, que narram a história da Santíssima Trindade desde 1840 até a construção do santuário em Trindade. O sino tem 4 metros de altura, 4,5 metros de diâmetro e 55 toneladas. Ele começou a ser produzido há dois anos e está previsto para ser instalado em 2026.
Além disso, uma operação apura desvios de doações de fiéis para a construção da Basílica de Trindade. A obra estava orçada em R$ 100 milhões e com previsão de entrega para 2022, dez anos após o início da construção. No entanto, o padre Robson, ex-reitor da Basílica, informou que o valor pode ser 13 vezes maior. As investigações continuam em andamento.