Mais de 2 mil pessoas aguardam transplante de órgãos em Goiás
Somente nos seis primeiros meses de 2024, 147 pessoas entraram na fila por um órgão em Goiás
Mais de 2 mil pessoas aguardam transplante de órgãos em Goiás, de acordo com levantamento divulgado pela Associação Brasileira de Transplante de Órgão (ABTO). A expectativa, porém, é de que esse número reduza a partir de campanhas de conscientização que ganham mais espaço nesta sexta (27/9), Dia Nacional da Doação de Órgãos.
Enquanto, em Goiás, 2.089 pessoas esperam pela oportunidade de um transplante, no Brasil, esse número é de 64.265 pacientes. Por outro lado, o número de procedimentos realizados não acompanha essa alta. No primeiro semestre deste ano, foram 4.579 em todo o território nacional. Para o médico Rodrigo Rosa de Lima, especialista em transplante renal, essa realidade só vai mudar com ações de conscientização pela importância do diálogo com as famílias.
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“A conscientização das famílias sobre a doação de órgãos é fundamental, pois a decisão de doar frequentemente recai sobre os familiares em momentos de dor e perda”, comenta Rodrigo, que também é urologista. “Quando as famílias discutirem o assunto antes do luto e entenderem a importância da doação, a decisão pode ser menos dolorosa e mais clara. Além disso, essa conscientização ajuda a desmistificar muitos mitos que cercam o tema, permitindo que mais pessoas se tornem doadoras, salvando vidas”.
Enquanto isso, os números só crescem. Nos primeiros seis meses de 2024, 147 ingressaram na lista de pessoas que aguardam um órgão em Goiás. No Brasil, no mesmo período, 7.699 pacientes entraram na fila. Os dados são da ABTO.
Legislação dificulta doação mesmo quando doador manifesta vontade em vida
Um único doador pode ajudar de sete a 10 pessoas, mas, segundo Rodrigo Rosa, é necessário um número de, pelo menos três vezes mais doadores para atender quem está na fila de espera por um órgão.
Atualmente, a legislação exige que os familiares concordem com a doação dos órgãos do falecido. Assim, por exemplo, um único filho pode impedir o procedimento, mesmo que os demais aprovem e que a própria pessoa tenha manifestado desejo claro em vida de ser um doado
Salvo por uma doação
O empresário Eduardo Jorge Roriz Rodrigues, de 47 anos, conhece bem a importância de se discutir a doação de órgãos. Sofrendo de rins policísticos desde a infância, ele se submeter transplante de rim em março de 2022. “Como a doença progride lentamente, tive uma vida normal, até os 40 anos. A partir daí, já comecei a ter alguns problemas. Mas a insuficiência renal chegou mesmo quando, por engano, tomei o anti-inflamatório Torsilax como se fosse analgésico por 4 meses, na tentativa de curar uma dor na lombar”, relata Eduardo.
Antes de ingerir a medicação por engano, ele revela que tinha 19% de função renal. Quatro meses depois, porém, o funcionamento do órgão já havia caído para 10%. “Assim que descobrimos que tinha reduzido bastante em pouco tempo, já iniciamos o processo para iniciar a hemodiálise”, lembra.
A “sorte” de Eduardo foi a de encontrar um doador dentro da própria família: sua irmã. Assim, não precisou passar pelo longo processo da fila de espera. Agora, ele incentiva aqueles que puderem a também se tornarem doadores: “Quem puder ajudar, que ajude. Minha irmã fez isso por mim. Ela continua com a saúde muito boa e ajudou a restabelecer a minha também”, atesta.
Transplante de órgãos: maioria espera na fila por um rim
O rim lidera a lista de órgãos mais aguardados, com 35.695 pessoas na fila de espera no Brasil. Já no estado de Goiás, a córnea é o órgão mais esperado, com 1.531 pessoas na fila. Logo em seguida aparece o rim, com 544.
Nos seis primeiros meses desse ano, 1.210 pessoas morreram no Brasil enquanto aguardavam um transplante. Cinco desses casos foram em Goiás.