Mais Goiás.doc: Dificuldades de se tornar um escritor em Goiás
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O Mais Goiás.doc desta semana mostra as dificuldades de se tornar um escritor em Goiás. A reportagem documental conversou com poetas, escritores que tiveram seus livros publicados e com escritores que ainda não tiveram a oportunidade de publicar seus livros. Também foram entrevistados o presidente da Academia Goiana de Letras (AGL) e o presidente da União Brasileira de Escritores Seção Goiás (UBE). Assista ao documentário completo no final da matéria e entenda quais são as dificuldades destes profissionais que são tão importantes para a cultura brasileira.
Literatura no Brasil
A literatura brasileira teve início em meados de 1500, quando os portugueses chegaram ao Brasil. Antes disso, a população que vivia no País era ágrafa (não tinha uma representação escrita). Desta forma, as primeiras manifestações escritas foram registradas pelos europeus, quando eles passaram a escrever sobre a terra e o povo que vivia no Brasil.
Com isso, a literatura brasileira ficou dividida em duas partes: Era Colonial e a Era Nacional. A Era Colonial aconteceu de 1500 a 1808, quando o Brasil ainda era colônia de Portugal, e é dividida entre o Quinhentismo, Seiscentismo ou Barroco e o Setecentismo ou Arcadismo. Já a Era Nacional (1836 até os dias atuais) é divida entre Romantismo, Realismo, Naturalismo, Parnasianismo, Simbolismo, Pré-Modernismo, Modernismo e o Pós-modernismo.
Literatura em Goiás
Os primeiros livros escritos por goianos foram registrados em meados de 1701. As obras foram escritas por Bartolomeu Antônio Cordovil, Luís Antônio da Silva e Sousa, Luís Maria da Silva Pinto, Florêncio Antônio da Fonseca, Grostom e cronistas como Luís Antônio da Silva e Sousa, Joaquim Teotônio Segurado, Antunes da Frota e pelo marechal Raimundo José da Cunha Matos.
Desde então, o Estado de Goiás tornou-se um berço para escritores populares de diversos gêneros, estilos e épocas, como: Hugo de Carvalho Ramos, Cora Coralina, José Godoy Garcia, J.J. Veiga, Bernardo Élis, Gilberto Mendonça Teles e Leodegária de Jesus, entre outros.
As dificuldades de se tornar um escritor em Goiás
Geovanna Argenta, de 33 anos, é escritora e jornalista. Ela diz que seu amor pela literatura começou na sua infância e vem de família. A jornalista revelou, inclusive, que escolheu a profissão por gostar de escrever.
Sua primeira escrita foi registrada aos 12 anos. Quando ela mostrou seu texto para seu avô, que também é escritor, ele propôs que ela escrevesse outros 30 textos para que ele publicasse um livro para ela. Mas 11 anos se passaram e o seu livro nunca foi publicado.
Apesar dos altos e baixos da sua vida, a jornalista não deixou de escrever e tem muito material pronto para ser publicado. Ela conta que já tentou publicar seu livro de forma independente, mas é algo caro devido às etapas que a publicação exige. “Fica no sonho, na vontade, na expectativa. A vida vai acontecendo, as coisas vão acontecendo. Passam duas décadas, e você não publica seu livro”, diz a jornalista, com um sorriso sem jeito.
Geovanna conta que a literatura ainda é um campo masculino, e as mulheres têm mais dificuldades de deslanchar no mercado. Segundo a jornalista, um colega, que tinha a escrita parecida com a dela, começou a escrever pelo Instagram na mesma época que ela. Mas a carreira dele como escritor deu certo, enquanto a dela estagnou. Outro problema citado por ela a é a falta de incentivos do governo para a literatura goiana. A jornalista ressalta, porém, que apesar das dificuldades, seu sonho continua vivo.
Larissa Brasil, escritora de suspense, diz que seu amor pela leitura também nasceu na infância, mas na adolescência ela perdeu parte do seu hábito de ler. Porém, em 2018, ela passou a escrever como forma de lidar com a depressão. Foi onde nasceu sua primeira obra publicada: “O Conto do Coronel Fantasma”.
A autora revela que ela publicou o texto e ninguém leu. Mas ela não desistiu, decidiu participar de um concurso e ganhou como escritora revelação. Devido aos questionamentos sobre ela ter ou não um livro, ela passou a escrevê-lo e publicou a obra “Onde o Vento faz a Curva”. Hoje, Larissa já escreveu cinco livros e pretende continuar no mercado. “O que não falta é história”, revela.
Larissa destaca que não foi fácil se tornar uma escritora, pois há muitas etapas no processo de publicar um livro. “Hoje em dia, você tem que ter muito dinheiro para imprimir um livro. O papel aumentou duas vezes nestes últimos dois anos. Eu não imprimo aqui em Goiás porque é bem mais caro, eu imprimo em São Paulo. Mesmo assim, eu não consigo fazer um tiragem muito grande porque eu sou autora independente, não tenho uma editora atrás de mim. Sou eu que faço todos os meus projetos”, diz.
O poeta e artista plástico, Valdir Ferreira, também descobriu que gostava de ler e escrever na infância, mas nunca teve a literatura como sua atividade principal. Há cerca de cinco anos, ele recebeu duas escritoras em seu ateliê e, ao mostrar seus poemas, foi incentivado pelas amigas para publicar sua escrita. Seguindo o conselho, ele passou a postar seus textos no Instagram e, em 2018, foi convidado por uma editora para publicar um livro coletivo chamado “Dez poetas e eu”.
Após a publicação da obra, ele foi novamente chamado pela mesma editora para escrever outro livro coletivo chamado “Desafios”. Ele está com seu terceiro livro pronto, já em revisão, e aguarda um edital de incentivo para publicar sua obra, pois ele diz que não tem condições financeiras para arcar com os processos de lançamento.
O poeta explica que raramente um escritor tem seu livro como sua principal fonte de renda e que nem sempre esses artistas têm condições financeiras para arcar com a impressão de suas obras. “A maior dificuldade é exatamente isso: você dispor do seu próprio bolso para fazer a publicação de um livro”, revela.
Ademir Luiz da Silva, presidente da União Brasileira de Escritores Seção Goiás (UBE), acredita que uma das maiores dificuldades no mundo literário seja uma questão cultural. “Eu acho que no Brasil – vários países, mas o Brasil de modo particular – a cultura de modo geral e a literatura de modo particular não são muito valorizadas. O livro, enquanto produto, é caro. Muitas vezes não existe tanto um interesse”.
José Ubirajara Galli Vieira, presidente da Academia Goiana de Letras (AGL), diz que as dificuldades de se tornar um escritor em Goiás não são recentes. Ele cita Hugo de Carvalho Ramos como um exemplo de determinação e força no mercado literário goiano.
Para ele, atualmente, escritores goianos não têm tanta visibilidade e isso é um dos fatores que mais atrapalha na construção de suas carreiras. De toda forma, ele diz que Goiás tem capacidade de revelar muitos talentos.
Assista ao documentário completo: