Manifestantes protestam contra corte de serviços no Hospital Dona Iris
O grupo, formado principalmente por mulheres, pede que a prefeitura realize os repasses necessários para que todos os serviços do hospital sejam retomados
Cerca de 40 manifestantes se reuniram na manhã deste sábado (8) na entrada do Hospital da Mulher e Maternidade Dona Iris (HMDI), na Vila Redenção, em Goiânia, protestando contra a precarização da unidade. O grupo, formado principalmente por mulheres, pede que a prefeitura realize os repasses necessários para que todos os serviços do hospital sejam retomados.
Uma das organizadoras, a diretora da Associação Goiana das Doulas, Michelle Oliveira, diz que o que tem ocorrido na unidade nos últimos meses é um processo de sucateamento. “O atendimento de emergência está funcionando, mas o pré-natal está prejudicado, sem exames e sem consultas”, lamenta.
Michele ressalta que os serviços da unidade são essenciais para a população e exige atenção da administração municipal. “Queremos que a prefeitura saiba que estamos de olho nessa questão da falta de repasses. Nós vamos deixar uma carta na maternidade sobre a manifestação e cobrar resultados”, pontuou.
Crise
Na última semana, a administração do HMDI começou a redistribuir os funcionários que trabalhavam na parte de consultas, exames e cirurgias. Os serviços deixaram de ser realizados na unidade a pedido da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) com o objetivo de cortar custos.
Desde o dia 23 de março apenas consultas e exames que já estavam agendadas eram realizadas. Segundo o diretor-executivo da Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (FundaHC), José Antônio de Morais, um informativo interno orientou os funcionários sobre a necessidade de mudanças nas funções.
“Era necessário informar que ninguém seria demitido. Os médicos, maior parte contratada pela SMS, escolheram entre a emergência do hospital ou serem colocados à disposição da secretaria para trabalhar em outra unidade de saúde”, explicou o diretor. José Antônio afirma que a decisão da maior parte dos profissionais foi por continuar no HMDI.
O diretor ainda destaca que os partos e serviços de urgência e emergência – que são a razão de ser do HMDI – continuam a ser realizados normalmente. Em março, foram realizados 383 partos no hospital. Em janeiro, foram 324.
Dívida
Quando o HMDI foi aberto, apenas estes serviços eram prestados. As consultas e exames começaram a ser feitas a pedido da SMS, o que levou à dívida da Prefeitura de Goiânia com a FundaHC que hoje é de R$ 18 milhões.
Em março, este valor era de R$ 24 milhões, o salário dos funcionários chegou a atrasar e insumos deixaram de ser entregues por fornecedores, o que levou ao fechamento do ambulatório no dia 13. Dias depois, a SMS realizou um novo repasse à fundação, o que permitiu o pagamento de dívidas com fornecedores e salários.
Por nota, a SMS informou que está pagando a FundaHC regularmente e que só no mês de março foram repassados mais de R$ 5 milhões.