Marido é condenado a 27 anos de prisão por morte de ciclista, em Goiânia
Julgamento durou dois dias. Juiz pontuou que o crime foi "delito mercenário" por ser cometido por causa do recebimento de um seguro de vida
Eduardo de Oliveira Francisco foi condenado a 27 anos e nove meses de prisão pelo assassinato de sua esposa, a ciclista Cibelle de Paula Silveira, de 31 anos. Além dele, também foi condenado Pedro Henrique Domingos de Jesus Félix, hoje com 21 anos, autor do disparo que matou a ciclista, em novembro de 2015. As penas serão cumpridas em regime fechado.
A audiência foi presidida pelo juiz Lourival Machado da Costa, da 2ª Vara de Crimes Dolosos Contra a Vida, após dois dias de julgamento. Consta nas denúncias que o crime foi executado durante um passeio ciclístico realizado pela vítima, o réu e alguns amigos na BR-060, no Jardim Botânico, região Oeste de Goiânia. Cibelle foi atingida com um disparo de arma de fogo na cabeça.
O crime foi encomendado por Eduardo que buscava receber R$ 50 mil oriundo de um seguro de vida que a vítima acabara de fazer. Assim, o réu encomendou a Pedro Henrique, que agiu em conjunto com Ronaldo da Silva Alves e outros três menores.
Os autos mostram que Eduardo encontrou os envolvidos no dia anterior do crime, passou informações sobre o passeio ciclístico que fariam no dia seguinte e pediu a eles que realizassem o crime com o intuito de parecer um latrocínio. Assim, Ronaldo ficou sobre a passarela e jogou pedra para induzir que a vítima parasse. Logo após, Pedro Henrique efetuou dois disparos, no qual um acertou a cabeça da vítima, matando-a na hora.
Sobre a participação de Pedro Henrique, o juiz considerou que o crime se tratou de um “delito mercenário”, pois o mesmo teve a promessa de recebimento de R$ 30 mil do marido da vítima. Sobre o mando de Eduardo, o juiz alegou que “as circunstâncias do crime explicita a trama urdida pelo réu e seus comparsas por ele contratado para ceifar a vida da vítima. Acertaram o dia e o local onde a vítima seria executada, não lhe restando nenhuma oportunidade de defesa. E no sentido de maquiar a ação criminosa, elaboraram o plano com a ação direcionada para simular um latrocínio, e com esse intuito buscava eliminar suspeita futura de uma possível tese de homicídio a ser imputada ao réu. O réu agiu dissimuladamente na trama urdida para eliminar sua esposa, e evitar eventuais suspeitas quanto a sua participação no crime.”
Histórico
Cibelle Silveira foi morta no dia 30 de novembro de 2015, na BR-060, entre Goiânia e Guapó, enquanto pedalava com Eduardo e mais três amigos pela rodovia. Ao se afastar por cerca de 20 metros do grupo, a bancária foi surpreendida por dois assaltantes, que desferiram um único disparo e atingiu a cabeça da vítima. Eles fugiram sem levar nada.
A bancária foi socorrida pelos amigos e levada para o Cais Bairro Goiá, mas não resistiu ao ferimento e morreu na unidade de saúde. Dois dias depois, a polícia prendeu Pedro Henrique Domingues de Jesus Félix, com 18 anos à época. Em um vídeo gravado, o jovem destacou que realizou o crime para “levantar um dinheiro” e que teve ajuda de um adolescente de 17 anos.
Reviravolta
Após dois meses do crime, a Polícia Civil recebeu o laudo cadavérico e foram constatados que a mulher apresentava diversas lesões pelo corpo. “O inquérito já havia sido concluído e remetido ao Judiciário, e os dois autores haviam sido denunciados por latrocínio, mas quando recebi o laudo cadavérico e vi que a vítima tinha lesões pelo corpo. O perito confirmou que as lesões não tinham nada a ver com a queda do dia em que ela foi assassinada, então resolvi ouvir parentes e amigos, ocasião em que descobri que a Cibelle vivia sendo espancada e ameaçada de morte pelo marido”, relatou o delegado Thiago Martimiano, adjunto da Delegacia de Investigações de Homicídios (DIH).
Em novo depoimento, Pedro Henrique contou que havia sido contratado por Eduardo por R$ 30 mil para matar a bancária. O marido da vítima, porém, havia feito apenas o pagamento de R$ 5 mil, como forma de entrada, e que acertaria o restante do valor após a realização do crime, o qual, segundo o jovem, nunca foi feito e, por isso, decidiu contar a verdade.
Após receber essas novas informações sobre o assassinato, o delegado solicitou outro depoimento do marido de Cibelle, que negou toda a versão. Como o inquérito já havia sido remetido para o Judiciário, o delegado encaminhou as provas para o Ministério Público, que entendeu que bancária foi vítima de homicídio e não de latrocínio.
Em novembro de 2017, Pedro Henrique foi denunciado por homicídio qualificado, o adolescente por participação no crime e Eduardo como mandante. A motivação do crime seria interesses financeiros, pelo fato da mulher possuir um seguro de vida e ciúmes.
Na tarde do último dia 9 de setembro deste ano, ele foi preso por militares de Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas (Rotam) após uma abordagem realizado no Setor Celina Park. Ao averiguarem seus documentos, os policiais constaram que havia um mandado de prisão em seu desfavor.