Maurício Sampaio apresenta documentos para provar que juiz é suspeito para julgá-lo
O ex-cartorário e ex-vice-presidente do Atlético Maurício Sampaio apresentou, em recurso que aguarda julgamento no…
O ex-cartorário e ex-vice-presidente do Atlético Maurício Sampaio apresentou, em recurso que aguarda julgamento no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), documentos com o objetivo de comprovar a tese de que o juiz Lourival Machado da Costa é suspeito para conduzir o tribunal o júri contra ele, marcado para acontecer na próxima segunda-feira (2). Este júri vai definir o destino dos cinco réus que respondem pelo assassinato do jornalista Valério Luiz de Oliveira, no dia 5 de julho de 2012.
Nesta terceira parte da entrevista que concedeu ao Mais Goiás no dia 26 de abril, Maurício explica que a argumentação se ampara em dois principais documentos: o primeiro mostra que Lourival é sócio de um escritório chamado Peixoto e Machado Advogados Associados, cujo CNPJ está anotado no recurso. A outra sócia é Lilia Peixoto Costa e Souza. A informação foi retirada do site da Receita Federal.
O segundo documento mostra que esse escritório patrocinou uma ação, em favor do banco Bamerindus, contra Waldir Sampaio Júnior e Marcus Borges Sampaio Júnior, irmão de Maurício. Essa ação resultou na penhora de um imóvel cujo co-proprietário é o ex-vice-presidente do Atlético, que se sentará no banco dos réus na próxima segunda.
“Essa é uma prova incontestável das diferenças e da inimizade que cultivamos no passado. Lourival Machado mente ao dizer que não me conhece e que nunca teve problema comigo”.
A ação ainda joga luz sobre o fato de que o juiz não poderia figurar como sócio em escritório de advocacia (conforme a Lei Orgânica da Magistratura Nacional) e cobra punição da Corregedoria do CNJ a Lourival.
“Portanto, não há que se falar que o referido juiz está agindo de maneira imparcial e idônea, podendo entender que está advogando em causa própria na ação em que preside o Tribunal do Júri contra Mauricio Borges Sampaio”, diz o recurso, assinado pelo advogado Luiz Carlos da Silva Neto.
A suspeição de um juiz é uma das causas que podem resultar na nulidade absoluta do processo. Isso quer dizer, de acordo com o Código de Processo Penal, que as partes podem alegar (e comprovar) que o magistrado é suspeito para conduzir um julgamento a qualquer tempo – inclusive depois de ser anunciada a sentença, o que pode anular a decisão.
O espaço está aberto para manifestação do juiz.
Juiz “inimigo”
“Eu ouço muito falar dos comentários dele sobre mim. É público e notório que ele tem desavenças comigo. Aí vem ele dizer que não me conhece? Queria ver: qual foi a decisão favorável do Lourival aos meus pleitos? Ele apenas revogou todos os atos que poderiam ajudar a encontrar a verdade”, afirma o ex-cartorário, referindo-se a pedidos de produção de prova.
O crime
Maurício é acusado de ser o mandante do assassinato do jornalista Valério Luiz de Oliveira, no dia 5 de julho de 2012. De acordo com a narrativa construída pela acusação no processo, o crime foi motivado por críticas de Valério à direção do Atlético Goianiense. Também são réus os policiais militares Ademá Figueiredo (suposto autor dos disparos) e Djalma da Silva (que teria auxiliado na execução), Urbano Malta (que teria ajudado a monitorar os passos de Valério minutos antes do homicídio) e o açougueiro Marcus Vinícius Xavier (suspeito de emprestar moto, capacete e camiseta que teriam sido usados por Ademá).