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Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, o Cadu, réu confesso do cartunista Clauco Vilas Boas,disparou frases sem nexo e até pediu que sua futura pena seja ampliada numa tentativa de forçar um novo laudo psiquiátríco nesta terça-feira, durante audiência no Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO). A manobra irritou o Ministério Público, que defendeu a reprovação do exame – na prática, uma tentativa de cumprir a pena num hospital psiquiátrico e não em presídio comum.
O objetivo da audiência era tentar sanar algumas dúvidas antes da sentença, que sairá em dez dias. No entanto, durante o interrogatório, Cadu disse que não se lembra de ter cometido os crimes, apenas que teria dirigido o carro de uma das vítimas. Irônico, ele confrontou os promotores: “Me condenem a 30 anos, porque dez é pouco”.
O interrogatório do acusado durou cerca de uma hora e, durante a maior parte desse tempo, Cadu sorria e se recusava a responder a maioria das perguntas feitas pela magistrada, promotor de Justiça, assistente de acusação e defesa. “Nada a declarar.” “Não me lembro”, foram as frases mais usadas. Porém, ao ser questionado sobre os crimes de homicídio, ele negou e confirmou somente que dirigiu o veículo roubado de Mateus.
“Você sabia que o carro que condizia era roubado?”, indagou a juíza. “Sim”, respondeu. “Então você confirma o crime de recepção?”, perguntou outra vez. “Nada a declarar”, falou Cadu, resumidamente.
O criminoso ainda disparou frases como “Eu morei com o Gasparzinho”, “Meu pai é o Cebolinha” e “Foi Chico Xavier quem escreveu uma carta em meu nome”.
OS CRIMES
De acordo com denúncia do MP, no dia 28 de agosto, por volta das 15h50, na Rua T-28, esquina com a Rua T-48, no Setor Bueno, Carlos Eduardo tentou subtrair uma Saveiro branca de propriedade do agente penitenciário Marcos Vinícius Lemes D’Abadia. A vítima flagrou o acusado forçando a porta do motorista e aproximou-se, momento em que Cadu apontou uma arma de fogo em sua direção, exigindo que se afastasse.
Consta ainda dos autos que Marcos Vinícius não acolheu a ordem do denunciado e dois iniciaram uma luta corporal, oportunidade em que Cadu disparou contra a vítima. Logo após os disparos, o acusado fugiu, com a ajuda de um comparsa que o aguardava no interior de um veículo Honda City, de cor branca. Socorrido pelo Corpo de Bombeiros, o agente penitenciário foi levado para o Hospital de Urgência de Goiás (HUGO) e morreu após 53 dias internado.
Nos autos há também a denúncia de latrocínio atribuído a Carlos Eduardo. O crime ocorreu no dia 31 de agosto, por volta das 21h30, na Praça do Colégio Ipê, também no Setor Bueno. A vítima, Matheus Pinheiro de Morais, foi abordada quando estacionou o veículo Honda Civic branco em frente ao prédio em que morava sua namorada. Segundo o MP, Cadu passou pelo local num Honda City, na companhia de uma pessoa ainda não identificada, e decidiu roubar o carro onde estava o casal.
De acordo com o MP, quando se aproximou do veículo, o acusado sacou a arma de fogo que portava e bateu no vidro por duas vezes, ordenando que a vítima e sua namorada descessem do carro e deixassem todos os pertences em seu interior. Enquanto Matheus e a jovem abriam as portas sem esboçar reação ao assalto, Carlos Eduardo disparou a arma, atingindo o rapaz. Mesmo ferida, a vítima correu na direção do prédio em busca de socorro, caindo na portaria logo após entrar no edifício. Poucos minutos depois, Matheus morreu.
Na sequência, o acusado e o comparsa entraram no veículo do rapaz e fugiram, jogando fora o celular da vítima para evitar a localização do aparelho. Na fuga, levaram ainda o Honda City que haviam deixado estacionado nas proximidades.
A denúncia também detalha a perseguição policial que acabou resultando na prisão de Cadu no dia 1º de setembro. O acusado foi visto dirigindo o Honda Civic levado de Matheus pelo delegado Thiago Damasceno Ribeiro na Avenida D, no Setor Oeste. No trajeto, o veículo era acompanhado pelo Honda City branco com características semelhantes ao carro usado pelos assaltantes no dia anterior.
Na perseguição ao veículo, o policial contou com o apoio de um guarda municipal. Carlos Eduardo acabou detido próximo ao Cepal do Jardim América. Na oportunidade, ele tentou se livrar da arma que portava, um revólver calibre 38 especial, com numeração raspada e com munição, jogando-os por cima do muro de uma oficina. Conforme os autos, a arma foi encontrada por policiais militares e o exame pericial comprovou que a bala que matou Matheus Pinheiro foi disparada deste revólver. (Com informações do TJ-GO)