“Me sinto plena”, diz paciente após se casar em hospital de Anápolis
Casamento foi organizado por família e amigos do casal. Mesmo internada com doença grave, Élida Pereira Martins conseguiu realizar seu sonho
Uma paciente diagnosticada com doença grave se casou neste sábado (1º) no Hospital Evangélico Goiano (HEG), em Anápolis, a 55 quilômetros de Goiânia. Segundo a noiva, Élida Pereira Martins, de 40 anos, a decisão de se casar com Alexandre Cavalcante Lins, de 35 anos, veio quando os médicos lhe disseram sobre uma intervenção cirúrgica necessária para melhorar seu quadro. A funcionária pública entrou em contato com o padre da igreja onde congrega e pediu para ele visitá-la no hospital.
“Eu chamei o padre Renan Ribeiro da Nova aliança e contei sobre todas as cirurgias que eu já tinha feito. Eu estava com medo de falecer com a cirurgia e disse que eu gostaria de me casar antes de realizar a nova cirurgia, ele organizou toda a parte burocrática junto à igreja católica para eu realizar meu sonho”, conta.
Segundo a funcionária pública, o casal está junto há sete anos e dois meses. No fim do mês passado ela decidiu enviar uma carta para a direção da unidade de saúde pedindo a permissão para celebrarem o casamento nas instalações do hospital.
“Depois que eu enviei a carta pensei que seria negado por ser um hospital evangélico e eu ser católica. Eu realmente pensei que por sermos de religiões diferentes, o pedido seria negado, mas eles [a direção] permitiram. Eu sou muito grata a direção do hospital e a equipe de enfermagem, todos foram muito carinhosos e atenciosos comigo”, explica.
De acordo com Élida, o casamento foi realizado no auditório da unidade de saúde e reuniu pessoas que acompanham de perto a realidade do casal. A cerimônia foi organizada por amigos e familiares dos noivos. Toda a decoração, buquê, docinhos e salgados foram doados para a realização do matrimônio.
“Eu não poderia me casar fora do hospital, por que estou internada, mas a gente ganhou tudo! Foi lindo! Realmente perfeito! Eu sou muito grata a todos que nos ajudaram a realizar o nosso casamento”, conta.
Para a noiva, o casamento foi mais do que apenas a celebração da união do casal. “No momento da cerimônia eu recebi do padre os cinco sacramentos que eu não tinha e, como católica, eu sabia que já deveria ter recebido. Eu estava feliz porque eu estava tomando o corpo e sangue de cristo. Agora, eu sei que posso fazer a cirurgia com o coração tranquilo. Me sinto plena e sei que estou preparada para a cirurgia”, explica.
Cheia de expectativas para o futuro, a funcionária pública conta que assim que puder voltar para casa e receber a permissão dos médicos, ela quer engravidar.
“Quero ter um filho, para fazer companhia para minha filha. Uma casa precisa de pelo menos duas crianças, né?”, declara.
História de amor
Élida conta que conheceu o noivo através de um primo e que tudo começou como uma amizade em comum no Facebook. A funcionária pública conta que logo depois de começarem a namorar o casal passou por um momento muito delicado.
Alexandre havia descoberto recentemente ser pai. De acordo com a noiva, assim que conheceu Maria Tereza criou um grande carinho por ela e a recebeu como filha.
Desnutrição Severa
De acordo com o Hospital Evangélico Goiano (HEG), Élida se prepara para uma cirurgia que pode ocorrer ainda esta semana. A internação da paciente já dura dois meses e foi indicada pela equipe médica responsável por acompanhar o tratamento da moça por ela ter perdido muito peso por conta do seu quadro de saúde.
Segundo a paciente, ela foi diagnosticada com Desnutrição Severa após um longo período tendo vômitos diariamente. Após procurar um médico e realizar os exames, a moça recebeu o diagnóstico. Élida tinha um ressecamento em parte de seu intestino o que impossibilitava a absorção dos nutrientes necessários. A intervenção cirúrgica será realizada devido ao tratamento atual – mudança na alimentação e uso de medicamentos – não ter surtido os efeitos necessários.
Élida já sofre com a doença a cerca de três anos e diariamente passa por transtornos como vômitos, dores e fraqueza. A cirurgia era para ser realizado entre os dias 3 e 5 de dezembro, mas o médico verificou que a moça ainda não havia recuperado peso suficiente (50 quilos) para levá-la para o centro cirúrgico. Para dar início ao procedimento, a moça deve alcançar o peso ideal, logo a cirurgia não tem previsão de ser realizada.
*Thaynara da Cunha é integrante do programa de estágio do convênio entre Ciee e Mais Goiás, sob orientação de Thaís Lobo