"DESTRUIU NOSSA FAMÍLIA"

Mecânico que matou filha em Ipameri é julgado nesta terça (25/3)

Homem confessou o assassinato. Ex-mulher, alvo principal do atentado, reforça: "Vou poder viver o luto"

A imagem mostra uma foto da vítima e do pai
Bruna Bernardes tinha acabado de se formar em Direito quando foi morta pelo pai (Reprodução : Redes Sociais)

O mecânico que matou a própria filha em Ipameri é julgado nesta terça-feira (25/3). Claudemar Bernardes da Silva, de 48 anos, responde pelo assassinato de Bruna Bernardes, em 2023. Na ocasião, ele invadiu a casa da vítima com a intenção de matar a ex-mulher, Cristiane Santos Dias, que não estava no local. Durante a confusão, porém, ele disparou uma espingarda calibre 12, atingindo a filha no pescoço. O genro do atirador também foi baleado, mas sobreviveu.

Em entrevista ao Mais Goiás, Cristiane, mãe de Bruna, revela ansiedade com o resultado do julgamento. Segundo ela, a família de Claudemar, que possui recursos financeiros, dificultou a divulgação da verdade. “Eu estou destruída, mas me mantenho firme. Sei que só vou poder viver o luto após ver a justiça sendo feita. “Claudemar acabou com a minha família inteira, a Bruna tinha acabado de se formar em direito. Tinha a vida toda pela frente”, desabafou.

Cristiane afirma que escapou da morte porque estava em Goiânia, comprando o enxoval do neto. “Ele foi até lá [casa da família] com intenção de me matar. Minha filha ainda conversou com ele. Ele sabia que eu não estava lá. Ele atirou sabendo que era a Bruna, ele era o pai dela”.

O Mais Goiás não conseguiu falar com a defesa do acusado devido ao andamento do julgamento. No entanto, o espaço permanece aberto para manifestações.

Histórico de violência

A mulher relembra os anos de abusos e violência que sofreu ao lado do ex-marido, com quem foi casada por 27 anos e teve dois filhos. Segundo Cristiane, o mecânico foi condenado no ano passado a 35 anos de prisão pelo estupro da filha mais velha de Cristiane, que ele registrou quando a bebê tinha apenas 9 meses.

“Eu soube do que ele fazia com minha filha e criei coragem para sair desse relacionamento. Os crimes já haviam sido relatados pela própria vítima à irmã mais nova e ocorriam desde que ela tinha seis anos”, lamenta a mãe.

Cristiana revela ainda que teve que fugir da cidade ao pedir o divórcio, pois temia represálias. A convivência com ele foi marcada por agressões constantes. Uma vez ele quebrou minha mão durante uma briga e sempre me ameaçava, dizendo que mataria toda a minha família caso eu o denunciasse”, relembra.

Os episódios de violência também ocorreram com outros membros da família. Segundo a mulher, o ex-marido já atentou contra a vida de um irmão dela “Atirou seis vezes contra ele, que na época tinha apenas 15 anos”.