Fraude

Médico comandava esquema que fraudou concurso da Polícia Civil em Goiás

Outras quatro pessoas que faziam provas da segunda fase foram presas e deram à polícia detalhes de como funcionava o esquema

O médico Antônio Carlos da Silva, que também já foi assessor do deputado Jovair Arantes (PTB-GO) foi quem, segundo a polícia, comandou o esquema que prometia aprovação imediata para candidatos a uma vaga no concurso para delegado substituto da Polícia Civil de Goiás. Ele e outras quatro pessoas que fizeram provas na segunda etapa do certame no domingo (12) foram presos e autuados em flagrante.

De acordo com o delegado Rômulo Figueiredo, adjunto da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra a Administração Publica (Dercap), foi após desconfiar de alguns candidatos que obtiveram uma nota muito alta na primeira fase, sendo que um deles nem é formado em Direito, que a polícia começou a investigar o grupo. “Nós desconfiamos principalmente porque mesmo com candidatos dos 26 Estados do Brasil e do Distrito Federal fazendo provas aqui, somente um grupo de Goiás atingiu a maior pontuação”, relatou.

Ao conseguir a confissão dos quatro candidatos que foram presos ontem, o delegado descobriu que o médico cobrava de R$ 120 mil a até R$ 395 mil pela suposta aprovação. Após pagarem o valor combinado, segundo apurou a polícia, o candidato era orientado a preencher somente o que tinha certeza, podendo deixar o restante do caderno de respostas em branco. “O que faremos agora é identificar onde a fraude de fato acontecia. Já estamos bastante adiantados, mas não podemos dar mais detalhes para não atrapalhar as investigações. Mas é notório que alguém preenchia estes cartões depois que eles eram entregues”, concluiu o titular da Dercap.

Romulo Figueiredo disse ter apurado ainda que candidatos que pagaram pela aprovação na primeira fase foram extorquidos para dar ainda mais dinheiro antes da prova do último domingo. Uma candidata que foi presa relatou aos policiais que vendeu um imóvel de sua mãe após ser ameaçada pelo médico de que não passaria caso não pagasse o valor restante.

Ainda há suspeita do envolvimento de pelo menos quatro outros candidatos no esquema. Segundo as investigaçoes, essas pesssoas não teriam ido fazer a prova no último domingo exatamente por temerem uma ação da polícia, uma vez que a denúncia sobre a fraude na primeira fase vazou em alguns grupos de redes sociais.

Responsável pelo concurso, a Secretaria de Gestão e Planejamento (Segplan) ainda não se pronunciou sobre o andamento do certame.