Médico goiano fala sobre aplicação de PMMA: “Total convicção de que é um produto seguro”
"Já realizei mais de três mil procedimentos e jamais houve uma complicação", diz o médico Rogério Cardoso
Nesta segunda-feira (8), a dermatologista Rosa Matos, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, afirmou que a modelo Aline Ferreira, de 33 anos, que morreu na última terça-feira (2) após aplicar polimetilmetacrilato (PMMA) nos glúteos, pode ter tomado doses erradas dos medicamentos pós cirúrgicos indicados pela falsa biomédica Grazielly Barbosa. Diante dessa tragédia, o Mais Goiás conversou com o nutrólogo Rogério Cardoso, que declarou ter total convicção de que o PMMA é um produto seguro.
“Já realizei mais de três mil procedimentos de remodelação glútea com o PMMA e tenho total convicção de que é um produto seguro. Até hoje, jamais houve uma complicação em um de meus pacientes”, garante o médico.
Rogério Cardoso se diz “indignado” com a forma como o PMMA tem sido apresentado, “como grande vilão em casos de repercussão”.
“O principal problema é a falta de fiscalização frente à clandestinidade. Sociedades privadas de médicos não querem que o PMMA seja utilizado em estética. O motivo? Reserva de mercado, interesse financeiro. O PMMA é um produto definitivo, que não obriga o retorno contínuo do paciente ao consultório, isentando-os, assim, da necessidade de investimentos em retoques e novos procedimentos”, diz Rogério.
Relatos de complicações relacionadas ao uso do componente em procedimentos estéticos se tornaram mais frequentes no Brasil. Além da morte da modelo Aline Ferreira, em 2020 a influencer Mariana Michelini perdeu parte da boca e do queixo após fazer preenchimento labial com PMMA.
No Brasil, o PMMA para preenchimento subcutâneo precisa ser registrado na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por se tratar de um produto de uso em saúde da classe IV ou risco máximo. Segundo a Anvisa, a concentração de PMMA em produtos estéticos varia e há indicações claras dos locais do corpo onde as aplicações podem ser feitas, como derme profunda, tecido muscular subcutâneo ou em nível intramuscular. A agência destaca que o PMMA deve ser administrado por profissionais médicos habilitados e treinados para o uso. “O produto não é contraindicado para aplicação nos glúteos para fins corretivos. Porém, não há indicação para aumento de volume, seja corporal ou facial. Cabe ao profissional médico responsável avaliar a aplicação de acordo com a correção a ser realizada e as orientações técnicas de uso do produto”, ressalta a Anvisa.
Para Rogério Cardoso, quando uma fatalidade relacionado ao PMMA acontece, “antes mesmo de existir o laudo oficial, as sociedades privadas promovem um ataque especulativo de difamação e calúnia contra o produto.
“Depois, quando se sabe que outro produto fora utilizado, todos convenientemente se calam. Se o PMMA realmente fosse vilão, ao menos uma complicação ou intercorrência deveria ter ocorrido em algum dos procedimentos que realizei. E isso não vai acontecer, pois, se utilizado com técnica e responsabilidade, o PMMA é a única estratégia terapêutica e estética de volumização com a eficácia e segurança garantidas”, garante o nutrólogo.
“O mercado clandestino da estética, que movimenta milhões e beneficia muitas pessoas, está sendo abafado. O PMMA tem sido a vítima da clandestinidade”, acrescenta o médico.
Sobre o caso de Aline Ferreira, Rogério diz que “ainda nem se sabe ao certo que produto fora implantado na modelo”. “Se a falsa biomédica Grazielly Barbosa mentiu sobre sua formação, por que não mentiria sobre o produto utilizado no procedimento? Só saberemos quando a Polícia Civil concluir as investigações”.
“O que estamos vendo são pessoas que assumem o risco de matar ao realizar um procedimento para o qual não são habilitadas. E que compram produtos no mercado clandestino porque não podem comprar legalmente por falta de registro. Até quando vamos deixar esses criminosos impunes e culpar quem segue as normas estabelecidas? Será que, todas as vezes que o mercado da clandestinidade fizer uma vítima, veremos o complô das sociedades médicas em prol da reserva de mercado?”, conclui Rogério.
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