Faltam Materiais

Médicos da Santa Casa protestam contra precarização do atendimento

Corpo clínico reclama da falta de insumos e medicamentos. Atendimentos não estão paralisados

Servidores da Santa Casa de Misericórdia de Goiânia, localizada no Setor Americano do Brasil, protestam nesta quinta-feira (31) contra a precarização do atendimento da unidade. Antibióticos, sondas, drenos, luvas e fios de sutura teriam se tornado itens raros no hospital.

Um médico residente falou à reportagem que faltam condições adequadas de atendimento à população. “Nós pedimos melhora no suporte aos pacientes. A falta de medicamentos e insumos já acontece há bastante tempo, mas desde junho a situação se tornou insuportável”, relatou.

De acordo com ele, apesar do protesto os atendimentos não estão paralisados. O motivo é o fato de gerência do hospital, há cerca de dois dias, ter aceitado a proposta de trocar parte do corpo diretor da unidade. “O maior problema daqui não é a questão financeira, é a ingerência. Precisava mudar para melhorar a administração e a conversa com o corpo clínico”, explicou o médico residente.

O Mais Goiás tentou contato com a assessoria de imprensa da Santa Casa, mas as ligações não foram atendidas.

Interdição ética

Em reunião realizada no dia 17 deste mês, a diretoria do Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) aprovou a instauração de um procedimento de interdição ética da Santa Casa de Misericórdia de Goiânia. Com a medida, que é adotada quando uma unidade de saúde não apresenta condições de atendimento e põe em risco a qualidade da assistência ao paciente e o trabalho do médico, a Santa Casa passou a contar com 15 dias, a contar do dia 21, para apresentar um plano de correção das deficiências encontradas. Segundo a assessoria de imprensa do Cremego, até o momento a diretoria do hospital não se manifestou a respeito.

A decisão do Cremego foi tomada pouco mais de um mês após o conselho vistoriar e constatar várias falhas no funcionamento da Santa Casa, como a escassez de materiais e medicamentos. O hospital recebeu um prazo para corrigir os problemas detectados, mas, diante de novas denúncias de falta de condições de trabalho na unidade, que foram feitas por médicos, a diretoria do Cremego instaurou o procedimento de interdição ética.

O presidente do Conselho, Leonardo Mariano Reis, observou que para evitar a interdição, que vetaria o trabalho dos médicos no hospital, a Santa Casa precisa oferecer condições de atendimento. Segundo ele, o Cremego reconhece a importância da Santa Casa, principalmente para pacientes que dependem do Sistema Único de Saúde, e não tem interesse nenhum em deixar a população desassistida. “Mas, nós pensamos no perigo de se manter aberto um hospital que coloca em risco a assistência ao paciente devido à falta de insumos para cirurgias, materiais e medicamentos, como antibióticos, o que pode agravar o quadro dos doentes”, disse. Clique aqui e confira uma das entrevistas do presidente sobre o assunto.