SAÚDE BÁSICA

Médicos pedem demissão por “falta de condições de trabalho” em Goiânia

Eles relatam falta de exames e medicamentos simples nas unidades básicas de saúde da capital; um foi agredido por paciente em julho. Prefeitura afirma que cancelamentos de contrato são comuns e que realiza compra de remédios disponíveis

Médico que atuava no Cais do Bairro Goiá pediu cancelamento de contrato após agressão (Foto: Google/ Reprodução)

Médicos e pacientes relatam falta de medicamentos e equipamentos para trabalho nas unidades de saúde básica de Goiânia. Os relatos dizem que faltam antibióticos e exames básicos. A prefeitura diz que houve aumento de mais de 200% na procura por unidades da rede de saúde municipal desde março, data do início da pandemia de covid-19 em Goiás. Aumento na demanda e suposta precariedade culmina em pedidos de demissão ao Paço.

Os pedidos de cancelamento contratual vem, principalmente, de médicos com contratos temporários. Ao todo, segundo dados da própria Secretaria Municipal de Saúde (SMS) foram 74 pedidos de destrato. A pasta, entretanto, argumenta que esse tipo de descredenciamento é comum e acontece todos os anos. De março a junho de 2019 foram 72 pedidos de destrato, para efeitos de comparação.

Um profissional de saúde, que não quis se identificar, é um dos que pediram demissão nos últimos meses. Ele relata que não há condições de trabalho, com falta de material para procedimentos simples e afirma que há falta de exames em algumas unidades.

Agressão

Um médico, que também não quer não ser identificado, relata ter sido agredido enquanto trabalhava no Cais do Bairro Goyá no dia 18 de julho. Ele teve parte do rosto arranhado, após uma paciente agredi-lo. Um vídeo mostra o momento em que ele é empurrado. Diante do fato, o profissional registrou o caso na delegacia e posteriormente pediu destrato do contrato firmado com a prefeitura.

A advogada dele, Sarah Braga, afirma que um casal foi autuado pelo crime de lesão corporal e encaminhado ao Juizado Especial Criminal, com audiência marcada para março de 2021. Além disso, irá juizar a ação penal em desfavor da mulher pelo crime de calúnia devido a uma entrevista concedida a uma emissora de televisão, em que diz ter sido agredida pelo profissional.

O Sindicato dos Médicos de Goiás (Simego) ajuizará uma ação indenizatória contra a Prefeitura de Goiânia pelos danos causados.

Resposta

A Secretaria de Saúde de Goiânia afirmou, por meio de nota, que a solicitação de descredenciamento de profissionais de saúde do serviço público ocorre com frequência. De março a junho de 2019 foram 72 pedidos de destrato, este ano de março até o momento foram 74 pedidos.

A pasta informa ainda que, nas últimas duas semanas, fez o chamamento público de mais de 900 profissionais de diversas áreas da saúde, aprovados em Processo Seletivo, para substituir principalmente os de grupo de risco.

“Quanto à medicação, foram realizadas diversas compras emergenciais que têm garantido um estoque da maioria dos medicamentos. No momento todas as unidades contam com medicação necessária para atendimento e exames de pacientes infartados. Os poucos medicamentos que faltam é porque não foram encontrados no mercado. Segundo fabricantes, o problema se deve à escassez de matéria-prima importada”, diz a nota.