Médicos são indiciados por cobrar até R$ 2,8 mil de pacientes do SUS por cirurgias e partos em Goiânia
Médicos foram indiciados por associação criminosa, concussão e falsidade ideológica majorada
Seis médicos foram indiciados por cobrar até R$ 2,8 mil de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) por cirurgias e partos, em Goiânia. De acordo com a Polícia Civil de Goiás (PCGO), os crimes ocorreram entre os anos de 2014 e 2017. No total, a investigação identificou 305 vítimas. Até o momento ninguém foi preso.
A corporação informou que os pacientes chegavam no hospital conveniado com o SUS, por meio de um contrato firmado com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) da capital. Mesmo com os encaminhamentos e guias autorizadas, os médicos alegavam que alguns procedimentos só poderiam ser realizados mediante um pagamento.
Os suspeitos cobravam por cirurgias cardíacas, internação de gestantes e cesarianas. Os valores variavam entre R$ 1,8 mil e R$ 2,8 mil. Segundo a Polícia Civil, o valor arrecadado pelos médicos chega a R$ 1 milhão. Os suspeitos foram indiciados por associação criminosa, concussão e falsidade ideológica majorada.
A identidade dos médicos não foi divulgada e, por isso, não foi possível localizar a defesa deles. O Mais Goiás entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e até a divulgação desta matéria não houve resposta.
Investigação
Ricardo Negry, delegado que representa o caso, relatou que “o paciente era encaminhado pela rede municipal de saúde, com a Autorização de Internação Hospitalar (AIH) já expedida pela rede pública, para tratamento de arritmia no Hospital conveniado”.
A investigação também apontou que os suspeitos diziam para os pacientes que o SUS não cobria a colocação de “stent” farmacológico, dispositivo usado em pessoas com obstrução total aguda, que é o infarto agudo, ou que tenham diabetes, quadro de insuficiência renal e lesões coronarianas complexas.
Conforme Negry, os médicos convenciam as vítimas ou familiares a assinarem a alta a pedido, e cobravam valores para realização do procedimento. Ou seja, os profissionais recebiam pela rede pública e pelo paciente. O mesmo acontecia com gestantes que chegavam na unidade para realizar cesarianas.
Além disso, a Polícia Civil relatou que os profissionais também cobravam da SMS cateterismos que não eram realizados durante os procedimentos. O delegado ressaltou que os suspeitos utilizavam laudos de eletrocardiogramas ideologicamente falsos, sendo idênticos para dois pacientes diferentes.