Investigação

Menina abusada por professor estudava em colégio estadual de Goianésia

Segundo a PC, o suspeito estaria vinculado ao Colégio Militar de Goianésia, mas os abusos foram praticados contra um aluna de outro colégio

O professor de matemática do Colégio da Polícia Militar de Goiás (CPMG) que foi preso na última sexta-feira (21), suspeito de abusar sexualmente de uma aluna de 13 anos, lecionava também em outra unidade de ensino estadual, em Goianésia. Os abusos ocorreram em outro colégio estadual, mas o nome da escola não foi divulgado pela Secretaria de Educação, Cultura e Esporte de Goiás (Seduce). Ele será exonerado do cargo.

“Ele era professor do Militar – unidade José Carrilho, mas o abuso ocorreu em outro colégio da rede estadual de ensino. O pai da menor nos procurou em novembro deste ano e nos relatou que a filha estava trocando mensagens de cunho sexual com este professor e que ele inclusive havia pedido fotos íntimas da menina”, disse Ao Mais Goiás a delegada responsável pelo caso, Poliana Bergamo.

Depois de trocar mensagens, o acusado teria passado a assediar a adolescente e perguntou se ela teria coragem de “ficar com ele”. O pai da menina contou à polícia que ela teria aceitado “ficar” com o professor e que eles teriam ido a um motel.

De acordo com a delegada, a menina teria apagado as mensagens enviadas ao professor por meio do Facebook. O celular da vítima foi enviado à perícia para tentar recuperar o conteúdo.  Na sexta-feira (21), a Polícia Civil (PC) cumpriu mandado de busca e apreensão na casa do homem e foram apreendidos um computador e um celular.

O nome do professor e da unidade de ensino não serão divulgados para proteger a identidade da vítima, menor de idade. Segundo a delegada Poliana, o professor não tem antecedentes criminais e “tinha uma conduta normal diante da sociedade”. Contudo, as investigações apontam que ele se aproveitava do cargo que ocupava para assediar outras alunas.

Investigação

A polícia já ouviu testemunhas e pessoas do convívio da vítima. A delegada afirma que não foram encontradas provas suficientes que levantassem suspeita da existência de outras vítimas. Mas os casos de assédio começariam com brincadeiras de cunho sexual em sala de aula. Depois, o professor passava a oferecer notas às alunas que “ficassem” com ele.

“Coletamos depoimentos de outras testemunhas que disseram a nós que ele tinha um comportamento inapropriado para um professor. Usava apelidos como ‘bonitinha’ e até brincadeiras de cunho sexual. Mas não houve nada além disso”, conta Poliana.

A culpa não é da vítima

A delegada Bergamo ainda ressalta que em casos de estupro a culpa não deve ser depositada na vítima, principalmente em caso de menores de 14 anos. “É importante esclarecer que, de acordo com a jurisprudência, o crime de estupro de vulnerável se configura com a prática do ato sexual com menor de 14 anos, independente do consentimento da vítima ou mesmo de experiência sexual anterior”, explica.

O inquérito deve ser concluído hoje e depois encaminhado para a Justiça para julgamento. Caso seja condenado, o professor pode pegar pena de até 15 anos em regime fechado pelo crime de estupro de vulnerável.

Em nota, a Seduce informou que ele era contratado em regime de contrato temporário e será exonerado do cargo.

Leia a nota na íntegra:

“Em relação ao professor de Matemática do CEPMG José Carrilho, de Goianésia, a Secretaria de Educação, Cultura e Esporte de Goiás (Seduce) esclarece se tratar de funcionário em regime de contrato temporário e que o mesmo será exonerado do cargo.

Informa também que o caso está sob a responsabilidade das instâncias competentes, inclusive a Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM) de Goianésia.”

*Thaynara da Cunha é integrante do programa de estágio do convênio entre Ciee e Mais Goiás, sob orientação de Thaís Lobo