Menina de 5 anos morre após atendimento em ambulatório de Guapó; família denuncia negligência
“Ela perguntou se o papai do céu iria cuidar dela”, disse avô
Uma menina de 5 anos morreu, na última quarta-feira (21), durante um atendimento em um ambulatório de Guapó. A Polícia Civil (PC) está investigando o caso, pois a família de Maria Laura acredita que ela sofreu uma reação alérgica a um medicamento injetado e acusa o hospital de negligência no socorro.
Segundo a família, Maria Laura foi levada ao ambulatório quatro vezes em dois dias antes de falecer. Em entrevista à TV Anhanguera, a tia da menina, Suelen Sousa, contou que, na tarde de segunda-feira (19), Maria machucou o pé durante uma brincadeira. “Ela não reclamou de dor na hora, mas à noite vomitou, e a mãe a levou ao ambulatório”, disse.
No primeiro atendimento, o médico administrou soro à menina e, como ela não reclamava de dor, a liberou. Naquela noite, a menina sentiu dor, e o pé ficou inchado e roxo. Na manhã de terça-feira (20), ela voltou à unidade de saúde.
No segundo atendimento, a médica prescreveu ibuprofeno e dipirona via oral e pediu que a menina retornasse no dia seguinte para fazer um raio-X. Na quarta-feira (21), Maria Laura realizou o exame, e a médica constatou que não havia fratura.
“Como ela ainda sentia muita dor, minha irmã pediu um remédio, e a médica aplicou uma injeção no bumbum da Maria”, relatou Suelen Sousa.
A família afirmou que a equipe do ambulatório não informou qual medicamento seria aplicado e que eles não tiveram acesso ao prontuário ou receita. Além disso, disseram que Maria Laura nunca teve reações alérgicas a medicamentos, e que a médica havia perguntado sobre isso antes da aplicação.
Após a injeção, Maria foi liberada e voltou para casa. Conforme publicado pelo G1, cerca de meia hora depois, a garota começou a apresentar erupções na pele e a perna ficou roxa. A mãe a levou rapidamente de volta ao ambulatório.
Ao retornar, Maria Laura foi internada, e a equipe colocou um aparelho de oxigênio para ajudá-la a respirar. Segundo a tia, os médicos solicitaram a transferência da menina para um hospital em Goiânia.
O avô Antônio relatou que a neta estava na maca com soro e máscara de oxigênio. “Eu dizia que ela estava com falta de ar, mas eles não faziam nada. Ela reclamava de dor, e eu não podia ajudar. Eu precisava segurar a máscara para que o oxigênio não escapasse”, disse.
Antônio contou que começou a rezar e pediu para que a neta o acompanhasse. “Ela só perguntou se o papai do céu iria cuidar dela”, relatou.
“A pressão dela foi caindo, e, quando a ambulância chegou, eles a levaram sem nenhum aparelho, nem máscara, e ela morreu”, afirmou Antônio à TV Anhanguera.
A família acredita que Maria Laura sofreu uma reação alérgica ao medicamento aplicado. O avô disse que o atestado de óbito registrou a morte como natural, mas a família discorda.
“É uma dor pior do que perder um pai ou uma mãe. Ver minha neta morrer sem poder fazer nada, e ninguém fazer nada, foi negligência”, lamentou Antônio.
O G1 entrou em contato com a Secretaria de Saúde de Guapó para saber qual medicamento foi aplicado em Maria, mas a diretora do ambulatório apenas reforçou a nota enviada anteriormente e recomendou que a equipe falasse com a Polícia Civil. A Secretaria informou que “os profissionais do Ambulatório 24 horas seguiram os protocolos clínicos estabelecidos” e se colocou à disposição das autoridades para esclarecer as circunstâncias do óbito.
O delegado André Veloso informou ao G1 que solicitou toda a documentação referente ao atendimento médico prestado e convocou os profissionais envolvidos no caso. Exames complementares foram requisitados para determinar a causa da morte, e o laudo deve ficar pronto em até 45 dias.