Menina que sobreviveu a atentado de PM contra mãe e irmã em Rio Verde sofria agressões
O pai das crianças contou que percebeu um comportamento estranho da filha mais velha e que combinou com ex de levá-la a um psicólogo
Na noite da última quarta-feira (5), o soldado da Polícia Militar, Rafael Martins Mendonça, foi preso por matar a esposa e a enteada de 3 anos, em Rio Verde. A única sobrevivente do atentado foi a filha mais velha da mulher, de 5 anos. Em depoimento à Polícia Civil, o pai das crianças afirmou que as meninas e a mãe sofriam com agressões do militar antes do ocorrido e que tentou ajudar.
O PM matou a companheira Elaine Barbosa de Sousa, de 28 anos, com oito disparos. A filha caçula dela, Ágatha Maria de Sousa, de 3 anos, também foi assassinada com quatro tiros. Embora tenha sobrevivido, a menina de 5 anos foi atingida por disparos de arma de fogo. No total, Rafael deu, ao menos, 20 tiros dentro da casa e precisou, inclusive, recarregar a arma.
O delegado responsável pelas investigações, Adelson Canedo, explica que o pai das crianças teve um relacionamento de sete anos com Elaine e que se divorciaram devido ao envolvimento da ex-esposa com Rafael.
“O pai biológico desconfiava que as filhas eram agredidas, pois, durante o banho, via elas com partes do corpo vermelhas depois de estarem com o padrasto. Ele disse que a filha mais velha já tinha relatado as agressões e também disse que sabia que Elaine era agredida, pois amigos dele, que também são policiais, contaram que a ex-esposa era agredida pelo Rafael”
Delegado Adelson Canedo, responsável pela apuração do crime
O pai das crianças também contou que percebeu um comportamento estranho da filha mais velha e que combinou com Elaine de levá-la a um psicólogo. A menina chegou a passar por uma triagem, onde a psicóloga a encaminhou para tratamento, mas a mãe não deu sequência.
Relembre
Após cometer os crimes, Rafael telefonou para um cabo que trabalha no mesmo batalhão que ele e confessou ter “feito uma besteira”. O colega, que estava no horário de folga, continuou falando com o atirador pelo celular, e seguiu até a casa dele acompanhado da esposa, que é enfermeira.
Quando o cabo chegou à residência, Rafael sacou a pistola que trazia na cintura e apontou para a própria cabeça, mas foi contido pelo colega de farda, que entrou em luta corporal com ele e conseguiu acionar uma viatura.
Embora fosse soldado da PM, Rafael não atuava mais nas ruas em razão de um tratamento psiquiátrico ao qual era submetido. Ele teve sua arma confiscada e havia sido readequado para funções administrativas na corporação.
Na casa do investigado, no entanto, foram apreendidas duas armas adquiridas de forma particular. Uma delas, uma pistola, foi utilizada no crime.
A Polícia Militar comunicou a abertura de um Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) para apurar a conduta do soldado.