11 e 12 ANOS

Vítimas de suposto estupro praticado por ex-major estão com medo, diz advogado

Crime foi registrado em Rio Verde, em 2019. Acusado pelo sequestro e estupro das irmãs é o ex-major Cristiano Silva de Macena, que sempre negou os crimes

Ex-major da PM é condenado a 45 anos por sequestro e estupro de duas irmãs

Abalo físico, emocional e medo. Assim o advogado Gilson Lima Costa descreve a situação das irmãs de 11 e 12 anos supostamente sequestradas e estupradas pelo ex-major da Polícia Militar (PM), Cristiano Silva de Macena. De acordo com o profissional, as vítimas e a família têm certeza de que o militar foi o autor do crime que teria ocorrido em outubro de 2019, em Rio Verde. Por outro lado, o réu, que continua preso, nega as acusações.

A primeira audiência de instrução e julgamento ocorreu na terça-feira (25). De acordo com Gilson, as vítimas, testemunhas e o réu foram ouvidos. O teor dos depoimentos não foi divulgado, já que o processo corre em segredo de Justiça. A audiência durou cerca de 8 horas e a defesa do acusado requereu novas diligências para o caso.

O advogado das crianças disse que não deve haver nova audiência e que a sentença deve ser proferida nos próximos 60 dias. Gilson relata que as irmãs estão extremamente abaladas desde o crime. “Elas estão traumatizadas. Não conseguem trocar de roupa na frente da avó que as criou. As crianças ainda sofrem bastante e continuam fazendo tratamento psicológico”.

Conforme expõe o representante da família, vítimas e familiares não têm dúvida quanto a autoria e esperam que a Justiça seja feita. “Por tudo que consta no processo, os depoimentos e demais provas, não resta dúvida de que foi ele [Cristiano]. A família espera que o réu seja condenado e que as leis sejam cumpridas neste sentido”, afirmou.

A reportagem falou com o advogado de defesa do ex-major para saber quais diligências foram requeridas (veja no fim da matéria). O Mais Goiás aguarda o posicionamento da Polícia Militar.

Relembre o caso

Cristiano foi preso no dia 23 de outubro de 2019. Segundo a Polícia Civil, as vítimas contaram que o então militar pulou o muro e entrou na residência onde as crianças moravam. Ele teria amarrado a avó das irmãs e sequestrado  as crianças. Ainda em depoimento, as meninas relataram que foram levadas para uma casa sem muitos móveis e que foram abusadas durante cerca de duas horas.

Os abusos foram comprovados em exames. Atualmente, as vítimas passam por tratamento e apoio psicológico. No último dia 24 de outubro daquele ano, o Ministério Público de Goiás (MP-GO) solicitou a conversão da prisão em flagrante para preventiva. O pedido, feito do promotor Fabrício Lamas Borges, foi justificado pela periculosidade do caso e por haver indícios de que o policial poderia comprometer provas.

No dia seguinte, o juiz Rodrigo Melo Bustolin converteu a prisão após audiência de custódia. À época, o Comando Geral da PM informou que ele havia sido exonerado do cargo de comandante da Companhia de Policiamento Especializado (CPE). O cargo ficou sob responsabilidade do capitão Ronniery de Morais. O policial segue preso no presídio militar, em Goiânia.

O que diz a defesa

Tadeu Bastos Roriz, advogado do ex-major Cristiano, disse à reportagem que o acusado e se dispôs a fazer exame de DNA para comprovar à Justiça a ausência de autoria.

Segundo o defensor, também constam diversas contradições no processo. “Há divergência do fato inicial e do que foi apresentado no processo. Nos depoimentos iniciais falaram que não tinham condições de reconhecer o autor e agora já têm plena convicção da autoria. Por isso nos colocamos à disposição para esclarecer essas contradições”, ressaltou.

Por fim, ele comentou que o réu mantém a posição de inocente.