Menos de 60% das crianças goianas foram vacinadas contra sarampo e poliomielite
Resultado é divulgado a nove dias do fim da campanha de imunização. Gerente da Secretaria de Estado da Saúde revela dificuldades e aponta tentativas para reverter a situação
A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) divulgou na manhã desta terça-feira (21) os dados atualizados da Campanha de Vacinação contra Sarampo e Poliomielite, em Goiás. O Ministério da Saúde tem como meta a imunização de pelo menos 95% das crianças com idade entre 1 e 5 anos, o que representa 346.364 infantes em todo o estado. Entretanto, a ação, que vai até o dia 31/08, atingiu, até o momento, pouco mais da metade desse público: 54,63% e 56,05% respectivamente.
De acordo com a gerente de Imunização e Rede de Frio da SES-GO, Cleccia Vecci, a meta nacional de vacinação contra sarampo era atingir 62% das crianças até o dia D da campanha. Embora o estado tenha apresentado um resultado “satisfatório” em relação a outras unidades federativas, Goiás possui ainda 96 municípios com 39% de cobertura contra sarampo e outros 94 com apenas 38,2% de vacinados anti-poliomielite.
“Apesar da classificação boa ainda tem a preocupação. Precisamos alcançar os 95% da população. Caso contrário continuamos correndo o mesmo risco de reintrodução dos vírus. Estamos sem registro de pólio desde 1989, sem sarampo desde 1999, sem uma série de doenças infectocontagiosas que nas décadas de 1980 e 1990 matavam e sequelavam nossas crianças. É muito importante a gente manter essa vacinação, essas altas coberturas para que a gente continue livre desses males”, alerta.
De acordo com a SES, o Estado ocupa o 7º lugar no Ranking Nacional de aplicação de vacinas contra poliomielite apresentando um total 58,68% de cobertura vacinal. Goiás, nesse cenário fica atrás apenas de Roraima, Amapá, Espírito Santo, Pernambuco, Santa Catarina e Ceará. Em relação ao sarampo, Goiás fica em 8° lugar, atrás de Rondônia, Amapá, Amazonas, Espírito Santo, Pernambuco, Santa Catarina, Ceará e São Paulo.
Segundo o Ministério da Saúde, até o momento, o Brasil conseguiu vacinar apenas 52,88% do público-alvo contra Poliomielite e outros 53,11% contra sarampo
“Dificuldades”
Quando questionada sobre os motivos da região Nordeste de Goiás possuir os menores índices vacinais, a gerente diz que a região dos Calungas é de difícil acesso e mais populosa, fazendo com que a aplicação seja mais demorada. De acordo com Vecci, a SES-GO está montando equipes para ajudar os municípios realizarem a imunização dos moradores dessa região e também de pessoas que habitam assentamentos.
Para Vecci, uma das maiores dificuldades enfrentadas até o momento é o sistema de informações. Devido à grande demanda das salas de vacinas, alguns postos de saúde têm dificuldades para utilizar o sistema responsável por levar os dados sobre a vacinação até o sistema da SES-GO. Segundo ela, o problema é causado por dois motivos: falta de pessoal e inclusão equivocada de informações.
De acordo com a gerente, o período de festas religiosas também resultou em atraso para o início da campanha nacional. Além disso, a demora nas filas para atendimento, pouco efetivo nos postos de saúde e a limitação de senhas distribuídas são outros fatores que contribuíram para os baixos índices de vacinas em Goiás.
Segundo Cleccia, a SES está estudando, juntamente com os municípios, a oferta de horários alternativos para vacinação, para que pais possam imunizar as crianças ao saírem do trabalho. Outra opção é a realização de vacinação em ambientes escolares. “A secretaria também está trabalhando junto ao Ministério de Saúde para que seja marcado um segundo dia D”.
Contraindicação
Segundo ela, médicos da rede particular estariam recomendando aos pais que crianças já vacinadas em outras campanhas não carecem de nova imunização. “Nesse momento, em que estamos pensando em segurar as pontas e não deixar a reintrodução dos vírus, toda criança precisa ser vacinada. Independente se ela já foi vacinada ou não. Porque é o momento de fazermos um bloqueio principalmente contra a pólio e não há nenhum problema em revacinar essas crianças”, ressalta.
*Thaynara da Cunha é integrante do programa de estágio do convênio entre Ciee e Mais Goiás, sob orientação de Thaís Lobo