Mesmo detido, João de Deus tem novo mandado de prisão decretado⠀
Justiça mandou que polícia fizesse busca em cinco endereços para encontrar novas provas; uma mala de dinheiro e pedras preciosas foram encontradas
Um novo mandado de prisão contra o médium João Teixeira Faria, de 76 anos, o João de Deus, foi expedido. Em substituição, o juiz plantonista da comarca de Abadiânia, Liciomar Fernandes da Silva, mandou que ele fique preso preventivamente. A medida judicial também autorizou a Polícia Civil de Goiás (PC) a buscar e apreender objetos, em cinco endereços do investigado, em Abadiânia e Itapaci.⠀
Os investigadores cumpriram, na manhã desta sexta-feira (21), os mandados de busca, como mostrou o Mais Goiás anteriormente, e apreenderam uma mala de dinheiro (o valor ainda não foi informado pela corporação) e pedras preciosas.
Confira os endereços onde foram expedidos os mandados de busca e apreensão: Centro de Espírita Dom Inácio de Loyola, localizado na Av. Frontal, nº 823, Bairro Lindo Horizonte, Abadiânia-GO; Rua Éverton Batista, nº 420, Lt. 10, Casa 04, Vila Goiás, Abadiânia-GO; Avenida Geraldo dos Santos, esquina com a Rua São Paulo, Centro, Abadiânia, “Casa da Sopa Dom Inácio de Loyola”; Casa de cor marrom, em frente à Casa da Sopa, na Rua São Paulo; Rua José Gouveia Lima, esquina com a Rua Pilar, Itapaci-GO.
INVESTIGAÇÃO
Investigação que começou com abusos sexuais como alvo, partiu para lavagem de dinheiro após encontro de valores em cinco moedas de países diferentes, nas casas do médium.
A Polícia Civil de Goiás (PC) segue a força-tarefa para apurar os crimes cometidos pelo médium João de Deus. Os crimes, inicialmente de cunho sexual, já motivaram a abertura de nove inquéritos policiais, inclusive sobre lavagem de dinheiro, corrupção e posse de arma de fogo de uso restrito. Mais de 500 pessoas informaram ao Ministérios Públicos de Goiás, São Paulo e PC-GO que sofreram algum tipo de abuso.
“Nós temos 16 procedimentos trazidos à Polícia Civil e nove inquéritos instaurados, sendo que um deles já foi concluído por violação sexual. Assim que estivermos com todas as provas formatadas, com certeza teremos mais inquéritos abertos e concluídos, com mais medidas cautelares sendo pedidas e mais interrogatórios do João Teixeira”, disse o delegado geral da Polícia Civil André Fernandes, durante entrevista coletiva na tarde desta sexta-feira (20).
FORÇA-TAREFA
Para que a investigação seja concluída, a corporação dividiu o esquema de investigadores. Os crimes sexuais são apurados pela Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic) em conjunto com a Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), ambos chefiados pelo delegado Valdemir Pereira Branco. “Esses inquéritos são sobre os abusos sexuais ocorridos em Abadiânia-GO. Os atendimentos acontecem de forma individualizada e em locais restritos”, disse o delegado.
O encontro inicialmente de valores que ultrapassam R$ 405 mil e armas de fogo de calibre restrito às Forças Armadas no dia 18 deste mês provocou a convocação de outra frente de trabalho, chefiadas pelo delegado Thiago Torres, do Laboratório de Lavagem de Dinheiro da corporação. O encontro de mais dinheiro e pedras preciosas nesta sexta-feira (21) dentro de uma mala também será apurado por esta frente de trabalho.
O delegado geral da corporação chamou atenção para a quantidade de crimes diferentes que estão sendo percebidos (veja a lista de crimes com pena máxima, em caso de condenação, abaixo). A cada passo que encaminhamos, achamos situação delituosas. Por isto é preciso a criação de uma força-tarefa, para que a investigação seja concluída mais rápida”.
CRIMES
– Violência Sexual mediante fraude (2 a 6 anos de prisão);
– Posse de arma de fogo de uso restrito (3 a 6 anos de prisão);
– Lavagem de dinheiro (3 a 18 anos de prisão);
– Tráfico de pedras preciosas (1 a 5 anos de prisão);
– Falsificação de medicamentos (10 a 15 anos de prisão);
– Adulteração de produtos medicinais e fitoterápicos até 15 anos de prisão.
SOLTURA
O presidente do Surpemo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli deve julgar nesta sexta-feira o recurso impetrado pela defesa de João de Deus para que ele seja colocado em liberdade. Este é o terceiro habeas corpus que será julgado, porque os dois anteriores tiveram negativas do desembargador Jairo Ferreira Júnior, do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) e do ministro Nefi Cordeiro, da sexta turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), respectivamente.
DEFESA
1. É deplorável que profissionais da imprensa tenham acesso à decisão e os advogados do investigado, não!
2. A decretação da nova prisão preventiva, além de desnecessária, pois o investigado já está preso, se mostra inidônea porque calcada no desejo de calar o clamor público contra a impunidade. A jurisprudência de nossos tribunais é pacífica no sentido de que a prisão preventiva não se presta a punir sem processo e sem defesa. Prisão preventiva serve para tutelar os interesses cautelares do processo, coisa que não se demonstrou.
3. A nova busca e apreensão foi determinada com base em denúncia anônima e foi genérica, o que é inadmissível. Mais: não se lavrou Auto de Apreensão no local como manda a lei. Portanto, a diligência é írrita.
Alberto Zacharias Toron, advogado