Militares de alta patente dos bombeiros estão envolvidos em fraude de certificados, diz MP
"São dois coronéis, um tenente coronel, um major, um capitão e um subtenente", afirma promotor do MP-GO
Em coletiva realizada na tarde desta terça-feira (19), o promotor de Justiça Giuliano de Lima disse que militares de alta patente do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás (CBMGO) estão envolvidos no esquema de fraude de Certificados de Conformidades (Cercons). “São dois coronéis, um tenente coronel, um major, um capitão e um subtenente. A operação continua, e eles podem responder pelos crimes de concussão, organização criminosa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro”, explica.
O promotor diz que nenhum dos militares foi preso ou afastado da corporação ainda. “Foram cumpridos dezessete mandados de busca e apreensão em empresas e no próprio prédio do Comando-Geral do CBMGO. Chegamos a nomes do alto comando do Corpo de Bombeiros, que recebiam depósitos em contas pessoais”, diz.
O esquema foi denunciado por comerciantes da Rua 44, em Goiânia. Segundo o promotor, os lojistas resolveram fazer a denúncia depois que militares dos Bombeiros alegaram que só emitiriam os caso os comerciantes pagassem.
Nesta terça-feira (19), cinco empresários foram presos temporariamente suspeitos de fazerem parte do esquema em que eram emitidos certificados falsos para estabelecimentos que não cumpriam normas de segurança necessárias. Seis militares são investigados pelo MP-GO, na Operação Desconformidade, que ainda analisa a hipótese de desvio e lavagem de dinheiro.
De acordo com o coronel e corregedor-geral da Secretaria de Segurança (SSP-GO), Sandro Mauro Pereira de Almeida, uma reunião decidirá o que será feito em relação aos bombeiros envolvidos no que chamou de “desvio de conduta”. O promotor reafirmou a fala do coronel e lembrou que “diversos militares da corporação contribuíram nas investigações por não concordarem com o que estava sendo feito por outros bombeiros“.
Risco causado por certificados falsos
Giuliano de Lima disse que o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Crea) esteve presente em diversos estabelecimentos da 44. Ficou confirmado que muitos possuíam alvarás mas não atendiam às normas de segurança básica, “colocando assim a vida e patrimônio da coletividade em grave e iminente risco”.
“Um militar me disse, inclusive, que muitos comércios eram como um barril de pólvora, que se acontecesse um incêndio, seria impossível um caminhão dos Bombeiros chegar no local sem já ter acontecido uma tragédia”, relembra.
O promotor disse que, a partir de agora, uma série de medidas serão tomadas. “Vão ser feitas novas visitas de inspeção para identificar os lugares que precisam da implantação completa de equipamentos de segurança. Dois shoppings que também receberam documentos irregulares também vão ser visitados”, finaliza.
Também estiveram presentes na coletiva o procurador-geral de Justiça, Aylton Flávio Vechi e o coordenador do Centro Integrado de Investigação e Inteligência do MP-GO, Rodney da Silva. A Operação foi realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP-GO.
Por meio de nota, o Corpo de Bombeiros informou que tem contribuído com as investigações e que a corporação “não coaduna com desvios de conduta ou atividades que possam ferir os princípios da legalidade e da moralidade”.