VIOLÊNCIA

Miss trans diz que achou forças para denunciar delegado após assistir vídeo que ela própria gravou

Segundo ela, ao assistir ao vídeo de apresentação ao concurso que levanta a bandeira trans encontrou forças para denunciar o estupro

A miss trans que denunciou ter sido vítima de estupro pelo delegado Kleyton Manoel Dias disse, em carta aberta nas redes sociais, que uma apresentação feita por ela própria para um concurso de beleza a encorajou a romper o silêncio.

Segundo ela, ao assistir ao vídeo de apresentação ao concurso, que levanta a bandeira trans encontrou forças para denunciar o estupro sofrido no último dia 4 de janeiro.

“Eu estava gravando meu vídeo de apresentação para o concurso de beleza no qual participarei, levantando as bandeiras trans, empoderamento e sororidade. Estava incentivando outras mulheres a denunciarem, e eu mesma não faria isso? Que tipo de influenciadora seria se pregasse algo e depois se esquivasse? Isso me deu força”, escreveu.

Na nota, o delegado acusado pede a todos “cautela nas conclusões precipitadas, que aguardem as conclusões das investigações no esclarecimento dos fatos”.

Sobre o caso que o estupro da miss trans

Em depoimento, a vítima relatou que teria ido à festa de um jornalista, que fechou uma boate em Goiânia, na quinta-feira (4). O delegado também era um dos convidados do evento. No final da festa, o jornalista foi embora e Kleyton teria oferecido uma carona para a vítima e para uma outra mulher.

Em um primeiro momento, o delegado teria deixado a outra mulher em casa e, logo após, seguiu para a casa da vítima. Durante o caminho, Kleyton teria colocado ela no porta-malas e a estuprado. Em seguida, deixou a vítima na casa dela, no Setor Jaó. Câmeras de segurança registraram a miss trans saindo do carro nua.

De acordo com o amigo que divide a casa com a vítima, Ricardo Amaral Dias, ela chegou em casa dopada e bastante machucada. O homem disse que acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e a vítima foi encaminhada para uma unidade de saúde, onde recebeu atendimento.

Ricardo ressaltou que o delegado ainda teria ameaçado a vítima. Pela manhã, a miss teria ligado para o jornalista que organizou a festa para contar sobre o caso e foi aconselhada por ele a não denunciar o crime devido à influência do delegado. Ricardo foi quem teria incentivado a vítima a procurar justiça.