Crime

Modelo brasileira com carreira internacional acusa empresária goiana de transfobia

Modelo Camila Montovani, que foi chamada de 'diabo', afirma que frequenta cultos e é temente a Deus

A modelo Camila Montovani, trans, que desfilou no London Represents Fashion Week, prestou queixa contra uma empresária de Goiás. É que a empresária, após postagem de um vídeo publicado em rede social, enviou mensagens para uma amiga de Camila, dizendo que a modelo era um demônio por ter feito cirurgia para mudança de sexo e que ela iria par ao inferno: “ela não é deusa. ela é um homem e tem um penis e será condenada ao inferno. A palavra de Deus é clara” (SIC)

Hoje, às 11h, Camila Montovani marcou com a delegada Laura Teixeira, do Grupo Especializado no Atendimento às Vítimas de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância de Goiás, para prestar queixa contra a empresária. Camila diz que nasceu hermafrodita, que nunca quis levantar bandeira. Mas, agora, sente-se na obrigação de ajudar outras pessoas que sofrem com a mesma intolerância:

” Ao longo do tempo, eu nunca invadi quadrado de ninguém, sempre tive bastante educação. Eu aguentei muitas coisas calada porque não tinha estrutura psicológica para me envolver. Mas não dá mais. Tudo tem um limite, eu sou religiosa, acredito em Deus, sou filha de Deus. Nunca fui atacada de maneira tão covarde. Eu nasci hermafrodita, mas já fiz operação há muito tempo. Eu sou uma mulher que sempre quis ter família, casar, ser respeitada. O Brasil tem que mudar. A expectativa de vida das pessoas trans, hoje, no país, é baixíssima. A média é de 33 anos. É o país que registra o maior número de assassinatos de pessoas LGBTQIA+. Muitas se suicidam também porque não aguentam a pressão. Não vou mais ficar calada”.

Em tempo: Camilia Montovani grava, hoje, uma campanha de empresa alemã de cosméticos, que vai ser exibida na Times Square, em Nova York.