Modelo que morreu após aplicação de PMMA pode ter sido orientada a tomar medicamentos errados

A falsa biomédica Grazielly Barbosa, responsável por aplicar polimetilmetacrilato (PMMA) nos glúteos da modelo Aline Ferreira, de 33 anos, dias antes de a paciente morrer, pode ter receitado doses erradas de medicamentos no pós-cirúrgico. É o que indica a dermatologista Rosa Matos, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica, em entrevista ao Correio Braziliense.

A receita assinada por Grazielly lista cinco medicamentos para Aline usar depois do procedimento. O primeiro é a prednisolona, um corticoide que, geralmente, não é usado após essa técnica, segundo a médica Rosa Matos. A mulher orientou que Aline ingerisse 40mg a cada 12 horas por cinco dias, o que, de acordo com a dermatologista, não corresponde à posologia habitual.

O segundo medicamento é o xarelto. Trata-se de um anticoagulante e antitrombótico. “Esse é totalmente inadequado após preenchimento. Inclusive, essa dose está fora dos padrões, pois aumenta o risco de hematomas e equimoses. Contraindicado após procedimentos injetáveis habitualmente”, afirma Rosa Matos.

Os outros três foram amoxicilina, nebacetin pomada e o toragecic. A dermatologista afirma que só o toragesic seria adequado para o caso. A amoxicilina, mesmo sendo um antibiótico, não seria capaz de prevenir a contaminação bacteriana. E a pomada, segundo Rosa, não é comumente usada nesses casos.

A Polícia Civil do DF, que investiga o caso, afirma que Grazielly não fazia qualquer tipo de avaliação prévia do paciente. Tampouco indicava exames para fazer antes dos procedimentos.

Aline submeteu-se ao procedimento estético na clínica Ame-se, em Goiânia, no dia 23 de junho, e logo retornou para sua casa, no Distrito Federal. No dia 27 de junho, Aline começou a passar mal e foi internada em um hospital público de Brasília. No dia 28, foi transferida para um hospital particular. A modelo morreu no dia 02 de julho.