Monumento a indígenas, de Siron Franco, continua abandonado após 13anos, em Aparecida
Moradores próximos ao local afirmam que o espaço está abandonado e representa risco à segurança da comunidade
Monumento às Nações Indígenas de autoria do artista plástico Siron Franco segue abandonada em Aparecida. Segundo moradores do bairro Buriti Sereno, que utilizam a estrutura da obra como pista de caminhada, o lugar tem sido usado para execução de crimes, esconderijo de criminosos e uso de entorpecentes. O Ministério Público de Goiás tem um processo aberto contra o artista desde 2016. A ação pede a devolução de R$ 1 milhão para os cofres públicos, decorrentes de irregularidades de repasses destinados à recuperação da obra em 2008.
Márcia Maria de Sousa mora ao lado da obra abandonada e utiliza o local para fazer prática de exercícios físicos pela manhã. “Este é o único local que temos para fazer caminhada, mas está muito abandonado por causa do mato alto. No período da tarde não há como frequentar porque o local vira ponto de droga e representa um perigo por causa da marginalidade”, lamenta.
O que diz a prefeitura
Segundo nota da Prefeitura de Aparecida enviada ao Mais Goiás, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano (SDU) tem equipes que atuam na roçagem dos lotes privados e das áreas públicas em toda a cidade. No entanto, alega que a responsabilidade de limpeza, roçagem e manutenção de áreas privadas é do proprietário.
A nota ainda afirma que realiza o serviço também na área privada do monumento para minimizar os transtornos causados pelo abandono. Em relação a estrutura da obra, a Secretaria de Cultura de Aparecida alega que a revitalização do monumento é de responsabilidade do artista. O Mais Goiás tentou falar com o artista plástico Siron Franco, mas não obteve respostas até o fechamento da matéria. O espaço segue aberto para manifestação do artista.
Processo
Segundo o Ministério Público de Goiás, o processo judicial contra o artista plástico Siron Franco, idealizador do Monumento das Nações, em Aparecida está em fase de instrução e aguarda julgamento. Os réus do processo solicitaram produção de prova testemunhal. Dessa forma, o juiz suspendeu o processo devido à impossibilidade de realizar uma audiência em meio à pandemia. A suspensão do processo terminou em 12 de março deste ano, mas ainda não houve novas movimentações.
O MP-GO afirma que aguarda o Poder Judiciário marcar audiência de instrução. A ação pede a devolução de R$ 1 milhão para os cofres públicos, decorrentes de irregularidades de repasses destinados à recuperação da obra. O artista chegou a ter bloqueio de bens determinado por liminar judicial e sentença designada por “dano ao erário” provocado por irregularidades no repasse de verba para reforma da obra.
A liminar concedida em março de 2016 declarou a indisponibilidade de bens de Siron Franco e dos ex-presidentes da Agepel até o limite de R$ 1.176.040,78, correspondentes à atualização dos valores gastos com os repasses destinados à reforma.
Em 2008, que o Monumento das Nações estava vandalizado e abandonado. A promotora Villis Marra solicitou detalhamento do caso à então Agência Municipal de Turismo, Eventos e Lazer (Agetul) sobre um possível tombamento e estado atualizado do monumento. Em resposta, a Agetul alegou que o processo de tombamento já havia sido iniciado e que a obra estava sendo reformada desde o final de 2003 com custo R$ 400 mil, seguindo o contrato firmado entre o Estado e Siron Franco.
Monumento
A obra seria composta por uma infraestrutura de concreto circular de onde poderia ser visto a forma do mapa do Brasil em seu interior. O mapa do país seria formado por 500 colunas com mais de 2 metros de altura. Siron Franco foi convidado a fazer a obra por indígenas da etnia Carajá que faziam parte do comitê do evento Rio Eco 92. O artista plástico gastou aproximadamente U$150 mil com a venda de obras e bens materiais para construir o monumento.