Direito de fala

Morador de rua espancado por personal fala sobre o acontecido: “Não posso me arrepender”

Em entrevista, ele detalhou o acontecimento e disse que foi abordado pela mulher, que disse querer namorar com ele

Foto: Reprodução - Vídeo- Metrópoles

O morador de rua agredido pelo personal trainer Eduardo Alves, em Planaltina, no Distrito Federal, falou pela primeira vez sobre o que aconteceu naquele dia. Ele contou, em entrevista ao Metrópoles, que não sabia que a mulher com quem se relacionou era casada e que ela o abordou dizendo querer namorar com ele.

No dia 9 de março, Givaldo Alves, de 48 anos, foi agredido ao ser flagrado tendo relações sexuais dentro de um carro com a esposa do profissional de Educação Física. “Eu andava pela rua e ouvi um grito: ‘Moço, moço’. Olhei para trás e só tinha eu. E ela confirmou comigo dizendo: ‘Quer namorar comigo?’”, começou ele, compartilhando que chegou a dizer que “não tinha tomado banho”.

“Moça, eu não tenho dinheiro, sou morador de rua. Não tenho dinheiro nem para te levar ao hotel. Então, ela disse: ‘Pode ser no meu carro’”, continuou.

Já dentro do veículo (de cor vermelha, como ressaltado por ele), eles começaram a conversar. Lá, Givaldo mostrou foto de sua filha, de 28 anos, documentos e certificados de cursos. “Se você me quer, me leve para algum lugar”, disse ele, após o bate-papo. Eles seguiram.

Após pararem em um lugar calmo e sem movimento, consumaram o ato e foram surpreendidos por Eduardo, que já chegou agredindo Givaldo, que foi para o hospital em busca de ajuda para tratar dos ferimentos.

Sobre sua vida, o morador de rua contou que já foi casado, teve trabalhos de grande responsabilidade e que hoje vive entre as ruas, casas de passagens, abrigos públicos e que já passou por Tocantins, Bahia, Minas Gerais e Goiás antes de chegar até Brasília.

Givaldo afirma não ter estuprado a mulher

O personal trainer alega que agrediu Givaldo por ele estar estuprando sua esposa, que passava por um surto psicótico. O morador de rua rebateu: “Deus me colocou em um lugar cercado por câmeras que comprovam não ter havido nada disso (estupro). Se fosse outro morador de rua, possivelmente já estaria preso”, afirmou, dizendo que ela em nenhum momento se retraiu ou pediu para ele parar.

“Do nada uma mão deu um murro na janela da porta do motorista. O vidro estilhaçou. (…) Abri a porta. Recebi uma sessão de socos tão violenta”. Ele contou ainda que, mediante as agressões, reagiu e revidou. “Nós trocamos socos”, disse, pontuando que não houve troca de palavras e que ele só soube no hospital que o agressor se tratava de Eduardo, marido da mulher com quem se envolveu.

A briga resultou em um edema no olho e costelas quebradas.

“Sou a única vítima”, afirmou Alves.

“Não me arrependo”

“Não posso me arrepender porque o prazer que ela me deu é uma coisa que todo homem queria ter. E a dor [que está sentindo por conta dos ferimentos] só me leva até ela, só me transporta”, afirmou Givaldo, pontuando que não tem como voltar no tempo e desfazer o que aconteceu. “Não posso apagar isso mais de mim”.

Para ele, ela é uma “mulher em busca de carinho e satisfação”.

O morador de rua contou que já conhecia a mulher. “Ela já tinha feito uma oração por mim e me deu uma bíblia”, sublinhou, descrevendo-a como “uma flor no jardim de Deus”.

Ele também deixou um recado para Eduardo: “Eu acho que o senhor deveria rezar para Deus, pedir sabedoria para agir num momento de desespero, porque o senhor põe tudo a perder e o senhor se expõe usando mentiras. […] Cuide bem da sua esposa, ela precisa de carinho”.

Questionado sobre o que fará agora, Givaldo disse que, primeiramente, cuidará de suas dores, que precisa trabalhar e que pretende morar em Planaltina.

Givaldo finaliza agradecendo pela oportunidade de falar o que aconteceu.