Polêmica

Moradores de Acreúna protestam contra fechamento de escola municipal

Decisão partiu da Secretária Municipal, que alega baixo número de alunos na instituição

O possível fechamento da Escola Municipal Nossa Senhora Aparecida no município de Acreúna, a cerca de 163 quilômetros de Goiânia, está tirando o sossego dos moradores. A instituição de ensino é uma das mais tradicionais na cidade e conta com cerca de 188 alunos, de 6 a 10 anos, que cursam do 1° ao 5° ano do Ensino Fundamental, em seus dois turnos de funcionamento. Todos esses alunos seriam remanejados para escolas que, de acordo com moradores, estão bastante lotadas e sem estrutura para recebê-los.

Camila Monteiro de Lima Arante, presidente do Conselho de Pais do colégio, conta que está indignada com a decisão e mais surpresa ainda dela partir da secretária de Educação do Município. Não houve nenhum diálogo com a população, segundo ela, e as justificativas são passadas de forma superficial. “A secretária não nos atende. Ela utilizou uma rede social e colocou uma simples nota de esclarecimento que não nos convenceu. Qualquer ser humano lúcido sabe o quanto é inviável o fechamento de uma escola”, conta.

A escola foi bem avaliada na última avaliação do Índice de Desenvolvimento de Educação Básica (Idep) atingindo nota 6,0. Camila tem três filhos, de 7, 11 e 13 anos. Os dois mais velhos estudaram no colégio, mas tiveram que sair devido ao fato de não ter mais as suas séries. O menor entrou neste ano no local, mas já sofre com incertezas sobre o seu futuro na instituição. “Se fechar essa, só ficamos com três escolas na cidade. Elas já estão bem lotadas e não têm estrutura para receber mais essa demanda”, destaca Camila.

Começo da mudança

Camila destaca que, em agosto, transferiram a escola para uma estrutura menor. Logo após, os funcionários receberem um email que comunicava o fechamento do local.

“A partir daí, realizei um abaixo assinado entre os moradores da região. Colhi cerca de 800 assinaturas e levei para a prefeitura, Ministério Publico e para a Câmara Municipal. A única que se manifestou a favor foi a Câmara, que é contra o fechamento da escola. O MP disse que não pode intervir, pois não há irregularidades diante a decisão”, assevera Camila.

A presidente do Conselho de Pais comenta que certas atitudes foram tomadas como medidas para facilitar o fechamento da escola. Camila declara que 60 alunos da zona rural foram remanejados para outra escola da cidade e, logo após, a secretária de educação alegou que a unidade “estava com baixa quantidade de alunos”.

“Isso chega a ser irônico. Após essa mudança, a justifica seria que a escola teria baixa quantidade de alunos, sendo que, os que foram remanejados, estão em escolas lotadas”. E completa. “A nossa indignação é que, a única base que uma pessoa pode ter, até para a esperança de dias melhores, é a educação. Tinha até o Ensino para Jovens e Adultos (EJA) no período noturno, mas foi retirado. O ensino e o corpo docente são excelentes. Se fosse uma escola de baixa qualidade, poderíamos ficar calado, mas não é nosso caso”, desabafa Camila.

O município conta com um Conselho Municipal de Educação, mas ele não é normativo, ou seja, não prescreve normas para vigência. Ele acaba sendo monitorado pelo Conselho Estadual. O Mais Goiás entrou em contato  com o conselho para verificar o que está sendo feito para ajudar os moradores, mas não houve resposta.

Também entramos contato com a Secretaria Municipal de Educação de Acreúna, mas nossas ligações não foram atendidas até a publicação desta matéria.